sexta-feira, 7 de março de 2008

LARGO DO CHIADO [ II ]

Largo do Chiado - (2006) Foto Dias dos Reis (Panorama do Largo do Chiado) in www.pbase.com
Largo do Chiado - (2006) Foto Dias dos Reis (Largo e estátua do poeta) in http://www.pbase.com/

Largo do Chiado - (2005) Fotografo não identificado (Estátua do poeta "CHIADO", na parte de trás o Palácio)

Largo do Chiado - (2005) Fotografo não identificado (Palácio do Loreto)
Largo do Chiado - (Início do século XX) Fotografo não identificado (Edifício Sede da Companhia de Seguros A MUNDIAL) in http://www.jf-martires.pt/



LARGO DO CHIADO
Podemos dizer que o Largo do Chiado ocupa lugar de honra entre os locais onde tudo respira história antiga e, susceptível de, ainda hoje, aguçar o apetite ao estudioso.
Ali, apesar de tudo ser transitório, cada prédio tem um pergaminho, cada esquina tem uma crónica.
Assim, vamos contar a história dum prédio neste largo, mais exactamente aquele que foi muito tempo a sede da Companhia de Seguros A Mundial.


É conhecido pelo Palácio Pinto Basto, ali também viveu Junot, na época das invasões francesas. Para o alfacinha é o prédio onde podemos ver as horas, devido ao enorme relógio que ostenta por cima da porta central.
Prédio elegante, com portal guarnecido de cantarias, os seus dois andares de sete janelas cada, e ainda umas águas furtadas a condizer.
Nas suas crónicas remontam a 1791 ano em que o edifício surgiu, teve como primeiro proprietário o comerciante Francisco Higíno Dias Ferreira.
Esteve neste local a «LEGAÇÃO FRANCESA», também no princípio do século XIX lá habitou o «Duque de Montebello», de quem os lisboetas da época troçavam chamando-lhe «general das plumas».
Em 1805 instala-se nela o «GENERAL JUNOT» ao que parece, incomodado grandemente pelo barulho dos sinos das vizinhas igrejas; da ENCARNAÇÃO e do LORETO.
A casa passou depois por múltiplos e variados moradores. Um empresário do Teatro de S. Carlos de nome João Pereira Caldas, instalou-se também no palacete o Estado-Maior do Exército francês, que não se eternizou dado que a sorte das armas não lhe foi por cá muito favorável. Por esse facto, foram para lá morar os ingleses.
Por volta de 1820 o edifício foi adquirido por José Ferreira Pinto Basto, cujo nome haveria de perpetuar-se.
Este rico Industrial deu um carácter especial ao casarão: ali realizou grandes obras e transformação, nos jardins mandou instalar um laboratório de pesquisas de barros, com o objectivo de preparar as famosas porcelanas que celebrizaram a Fábrica da Vista Alegre, de sua propriedade.
Em novas obras nos anos 30 do século passado, foi feita uma escadaria nobre e os tectos do primeiro andar, nos quais ainda terá colaborado o pintor lisboeta Pedro Alexandrino. Foi ainda visita da casa o Rei D. Pedro IV, em 1833.
Depois, embora a posse se mantivesse na família Pinto Basto, o prédio serviu um pouco para tudo: murou ali o Duque de Palmela, enquanto o seu prédio no Rato estava em obras.
Em 1884 foi ali instalado o «HOTEL PENINSULAR» um estabelecimento de luxo, com hospedes que deram brando na Lisboa dessa altura.
Seguiu-se outra casa de hotelaria o «HOTEL ITÁLIA» e, finalmente, o célebre João Mata "primeiro dos cozinheiros portugueses", também instalou neste Palácio o seu «HOTEL MATA».
Entretanto os Pintos Bastos venderam a propriedade e foi esta parar às mãos da viscondessa de Valmor, até que em 1913, a Companhia de Seguros A MUNDIAL a adquiriu e lá instalou os seus serviços.


O POETA «CHIADO»
ANTÓNIO RIBEIRO "CHIADO", nasceu na região de ÉVORA, possivelmente em 1529(?), é um dos autores mais marcantes da chamada escola vicentina, António Ribeiro, de alcunha «CHIADO», era um frade franciscano que abandonou a vida conventual para se dedicar à vida boémia de Lisboa.
Terá possivelmente composto e representado os seus autos; «Prática de oito figuras» em 1542, «Auto das Regateiras» em 1550.
Bom observador da vida popular, levou ao palco a linguagem, as preocupações e os costumes das camadas humildes da população, com os seus tipos sociais característicos, à maneira do mestre Gil Vicente, autor que «Chiado» imitava conscientemente, mas sem o sentido teatral daquele. O «Chiado» ficou mais conhecido pelas suas polémicas, do que pelas suas peças teatrais. Apesar de não ser muito douto, tinha verdadeiro talento e bastante conhecimento das boas letras. Improvisava versos com a maior facilidade, mais pelo impulso da natureza que de arte, sendo os seus versos muito jocosos e joviais.





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