segunda-feira, 17 de março de 2008

RUA DOS CONDES [ II ]

Rua dos Condes - (200-) Fotógrafo não identificado
Rua dos Condes - (1949-01) Foto Eduardo Portugal (Teatro da Rua dos Condes-Modificado) in Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa

Rua dos Condes - (19--) Foto Paulo Guedes (Portal do Ateneu Comercial de Lisboa) in AFML


Rua dos Condes - (1860) Foto Joaquim Pedro (Emília das Neves 1820-1883) in pt.wikipedia.org

(CONTINUAÇÃO)
Quem olhar para a Rua dos Condes, de costas para o Ateneu, antevendo uma Lisboa antes do Terramoto, não será difícil imaginar toda aquela zona pejada de hortas, conseguirá até "ver" esta Rua como simples prolongamento da rampa da Glória, (hoje calçada da Glória), por onde sobe e desce o seu elevador. Isto, antes da abertura do «Passeio Público» que data de (1764-1889), e o sítio era chamado de «VALVERDE» (local das Hortas).
(Falamos hoje do percurso histórico na Rua dos Condes durante o século XIX).
Em 1835, o Teatro Condes serviu para actuação de uma companhia francesa, portadora de algum material revolucionário para a época, nomeadamente na iluminação e composta por mais de trinta actores.
Integrado na digressão vinha um actor francês de nome Emile Doux, que revolucionou de algum modo a cena portuguesa na arte de representar. A companhia esteve durante uma temporada, regressando depois ao seu pais. Ficou por cá Emile Doux e criou naquele espaço do teatro uma espécie de conservatório.
Com ele se aperfeiçoaram na arte de representar alguns nomes que viriam a ser grandes figuras da Ribalta portuguesa - e que hoje conhecemos dos dísticos de algumas ruas de Lisboa: a actriz Delfina, Emília das Neves, Tasso, João Anastácio Rosa etc..
Passaram pelo Condes, ainda algumas das primeiras revistas escritas e musicadas em Portugal. No ano de 1858, subia à cena «Civilização e Progresso», de Costa Braga e Francisco Serra; em 1860, num original de Eduardo Coelho ( o fundador do Diário de Notícias) era representada «A Sombra de 1859».
Seguiram-se as «Revistas do Ano» - ainda em 1859, de Alcântara Chaves, e de 1860, do mesmo autor de parceria com Monteiro de Almeida.
Sousa Bastos (que foi empresário, autor teatral, cronista de memórias e, além de tudo isso, marido da actriz Palmira Bastos, muito mais nova do que ele e cuja longa vida lhe permitiu ainda chegar aos tempos da Televisão em Portugal), tentou dar novo alento à casa dos CONDES: as suas peças e revistas sucediam-se, como foi o caso de «Coisas e Loisas de 1873», «Entre as Broas e as Amêndoas», «Lisboa no Palco», e «Cosmorama de Lisboa».
Mas ao ponto mais alto sucedeu a implacável decadência.
Assim, a 13 de Outubro de 1882, começou o teatro a ser demolido, sendo então considerado já como "Velho pardieiro, feio, incómodo e até perigoso", segundo rezam os apontamentos do empresário e autor Sousa Bastos.
Tratou-se, porém, de uma substituição. No mesmo local, apareceu um Teatro "Challett", de vida efémera (pouco mais de um ano).
Surgiu então o dinamismo de Francisco de Almeida Grandella, comerciante que foi o responsável pelos grandes armazéns que tiveram o seu nome, na Rua do Ouro e na Rua do Carmo.
Sob o risco do arquitecto Dias da Silva, apareceu o novo Teatro da Rua dos Condes inaugurado em 23 de Dezembro de 1888, com a peça «AS DUAS RAINHAS», numa tradução de Sousa Bastos, antecedido por um monólogo de abertura recitado pelo actor Ta borda e escrito por Barbosa Machado.
Em 1898, o edifício voltou a ter obras de manutenção e algum restauro.
(CONTINUA-no século XX)




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