sexta-feira, 3 de abril de 2009

CALÇADA DA CRUZ DA PEDRA [VII]

Calçada da Cruz da Pedra - (Início do século XX) Fotógrafo não identificado (Portão da face esquerda da frente do Baluarte de Santa Apolónia) in DISPERSOS de Augusto Vieira da Silva - Volume I -Lisboa 1968 - Biblioteca de Estudos Olisiponenses -Publicações da Câmara Municipal de Lisboa.
Calçada da Cruz da Pedra - (195_) Foto de Augusto de Jesus Fernandes in Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa
(CONTINUAÇÃO)
CALÇADA DA CRUZ DA PEDRA
«O 6º CONDE DE SÃO VICENTE (2)»
O pai, a mãe e a irmã da actriz, bem como ouvida também a vizinhança e havia quem quisesse justiça contra Manuel Carlos da Cunha e Távora, apesar de grandes do Reino, Vice-Almirante e Conselheiro de Guerra. Alguns dias depois do crime, o Cardeal D. João Cosme da Cunha, que fora Bispo de Leiria sob o nome de D. Fr. João de Nossa Senhora da Porta e era agora Regedor das Justiças ( e tio do acusado, por ser filho dos 4ºs. Condes de São Vicente) procurou o Marquês de Pombal, que, chamando-o de parte, lhe disse que não podendo já dissimular-se um caso tão grave e não desejando o Rei D. José que um fidalgo em tão alta situação corresse o risco de ser executado, a única solução possível era este sair imediatamente do Reino.
E nessa mesma tarde, depois de ouvir a recomendação do Cardeal para que partisse sem demora, o Conde abalou a toda a pressa para Badajoz. Diz-se que, nessa noite, indo o Cardeal da Cunha ao Paço, o Rei perguntou-lhe se o Conde de São Vicente já se havia retirado e obtendo uma resposta afirmativa, não ocultou a sua satisfação.
Passados quase quatro anos o Conde e seus co-réus saíam finalmente ilibados por sentença e surgiu condenado irremissivelmente, à revelia, um cadete conhecido pelo nome de Toscano, que já então falecera, e que carregou com todas as culpas da agressão, pois que se descobrira que ele também era um dos enamorados da «ESTEIREIRA» e já havia sido rival do Teixeira Homem em outras aventuras amorosas.
Livre da culpa, o fidalgo voltou a ser recebido por toda a nobreza, conforme as homenagens devidas à sua alta linhagem e o seu exílio forçado passou a ser verberado como mais uma façanha injusta do Marquês de Pombal, já então desterrado, perseguido e sem poder, o que foi uma bem aleivosa interpretação da atitude, neste caso moderado do famoso ministro(1).
(1) - Nobreza de Portugal e do Brasil Volume III - Lisboa 1961 páginas 358-359 - Direcção. coordenação e compilação de: Dr. Afonso Eduardo Martins Zuquete- Editorial Enciclopédia, Limitada - Lisboa - Rio de Janeiro.
(CONTINUA) - (PRÓXIMO) -«CALÇADA DA CRUZ DA PEDRA [VIII] - O FORTE DA CRUZ DA PEDRA (1)»

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