domingo, 31 de janeiro de 2010

RUA DA PRATA [ VI ]

Rua da Prata, 242-254 - (2009) - Foto de APS ( A "LUA DE MEL-Geladaria e Cafetaria", de portas fechadas na Rua da Prata) ARQUIVO/APS
Rua da Prata - (2009) - Foto de APS (A Geladaria e Cafetaria "LUA DE MEL" na Rua da Prata, agora de portas fechadas) ARQUIVO/APS

Rua da Prata - (c. de 1910) - Foto de Joshua Benoliel ( Casa das Manteigas na Rua da Prata) in AFML


Rua da Prata - (1907) -Foto de Joshua Benoliel (O alfarrabista "PIRES" na Rua da Prata-Publicado na Ilustração Portuguesa a 30 de Dezembro de 1907) in AFML
(CONTINUAÇÃO)
RUA DA PRATA [ VI ]
«O COMÉRCIO NA RUA DA PRATA»
A «RUA DA PRATA» uma artéria recheada de estabelecimentos comerciais mantém muito dos seus prédios com o seu ar pombalino no átrio das escadas e nas fachadas.
Na «RUA DA PRATA» esquina para a «RUA DE S. NICOLAU» números 44-48, onde hoje existe uma cafetaria, encontrávamos um comerciante muito especial. Trata-se da «CONFEITARIA DE ROSA ARAÚJO», o homem que, uma vez à frente da CML, foi o responsável pelo aparecimento da «AVENIDA DA LIBERDADE». Tudo começou com uma pequena loja fundada por seu pai, «MANUEL JOSÉ DA SILVA ARAÚJO», já nesta rua no prédio fronteiro. Os «ARAUJOS», pai e filho, fizeram fortuna, pois detinham a receita de uns bolos que toda a LISBOA comia: os célebres «CÓCÓS».
Tanta fama tinham os bolinhos que o seu nome foi posto como alcunha ao próprio presidente da Câmara.
O «CAFÉ EUROPA» estava instalado nos números 111 e 113 desta rua.
Com o número 116 desta rua, com esquina para a «RUA DE SÃO NICOLAU», funciona à várias décadas a «NOVA AÇOREANA» dedicada a mercearias finas e charcutaria.
No número 145 da «RUA DA PRATA» existia em Agosto de 1923 a «SOCIEDADE COMERCIAL LUSO AMERICANA», representante para Portugal e Colónias da famosa máquina de escrever «CORONA».
No lado oposto ao prédio do «BANCO DE ANGOLA» na «RUA DA PRATA», esquina Sul da «RUA DO COMÉRCIO» funcionou um dos mais antigos estabelecimentos da baixa pombalina, a «CASA DE CÂMBIOS DE JOSÉ BONIZ». cuja fundação remonta ao ano de 1832, hoje está ali instalado um restaurante.
No último quarteirão direito, junto da parte Sul com gaveto para a «RUA DE SANTA JUSTA», nos números 242 a 254 funcionou ali uma belíssima Pastelaria com serviço de refeições a «LUA DE MEL - Geladaria e Cafetaria». Hoje encontra-se fechada, não sabemos se por motivo de obras ou pura desactivação.
Na «RUA DA PRATA» funcionou o célebre alfarrabista «PIRES», que se dedicava muito em particular aos assuntos da Olisipografia. (Apresentamos uma foto sua tirada em 1907).
Com frente para a «PRAÇA DA FIGUEIRA» nos números 278-288 da «RUA DA PRATA», existiu um merceeiro muito conhecido (na época) na baixa de Lisboa. Chamava-se «JERÓNYMO TAVARES DA SILVA» vendia o azeite puro em latas pequenas de folha de Flandres, com litografias muito sugestivas. Nasceu em «OLIVEIRA DE AZEMÉIS» no ano de 1883. O «TAVARES DA SILVA» que cedo veio para Lisboa como marceneiro, anos depois foi empregado da mercearia de «JOÃO FERNANDES». Com a morte do seu patrão, «TAVARES DA SILVA» e seu irmão «MANUEL» receberam a firma em herança.
Em 1912 morre o «MANUEL» não chegando a presenciar a época gloriosa de seu irmão à frente do estabelecimento.
Por volta dos anos 40 do século passado era este «JERÓNYMO» que competia com o célebre «JERÓNIMO MARTINS» da «RUA GARRETT».
Com o desaparecimento da «PRAÇA DA FIGUEIRA» no ano de 1949, o rumo do estabelecimento ficou comprometido, tendo contribuído também para a morte de «JERÓNYMO DA SILVA».
(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «RUA DA PRATA [ VII ] - AS TERMAS ROMANAS DA RUA DA PRATA (1)».



7 comentários:

Ricardo Moreira disse...

A Lua de Mel está mesmo fechada por "pura desactivação".
Ainda me lembro quando esta apenas ocupava a esquina da Rua da Prata com a de Santa Justa, pertencendo o "anexo" (que se vê na primeira foto quase atrás do semáforo) à Portugal e Colónias/Nacional.

Duende disse...

Consta que problema da Lua de Mel passa por uma falcatrua e fuga com dinheiro para um país de clima tropical... não sei ao certo se é de facto verdade

Luísa disse...

Quando a pastelaria Lua de Mel abriu na Rua da Prata trouxe inovação.
Lembro-me dos pratos e dos combinados servidos ao balcão à hora do almoço. Dos lanches com Russos, aqueles bolos quadrados de amêndoa, escuros e recheados de nata, de nata Verdadeira?! Nunca comi melhores em pastelaria, melhores só mesmo os da minha avó.

Achei imensa graça à referência que fez aos Cocós, aqueles bolos da Pastelaria Rosa Araújo.
Eu não os conheci, mas há tempos umas tias muito velhotas falavam em família desses bolinhos.
Vi a polémica instalada porque alguém tinha lido que a Dra. Marina Tavares Dias havia dito que se tratava de um bolos cilíndricos de amêndoa escura (assim como se de croquetes........se tratassem).
Ora diziam as tais tias velhotas que não senhor que não eram assim!
E descreveram os ditos Cocós como sendo de massa folhada muito rendada, em muitas camadas fininhas, recheados de doce de amêndoa muito escuro, maçã, toucinho picado e gemas de ovos.

Abraço,

Luísa

APS disse...

Caro Ricardo Moreira

Obrigado pela sua presença neste blogue e pela informação da "LUA DE MEL".

Ontem li um artigo seu, publicado em 24/07/2008 sobre «A NOVA PONTE DE LISBOA».
Terá mais novidades sobre este assunto?
Encontrei no seu artigo, o que procurei em vão na página da Escola. Refiro-me à Escola Industrial Afonso Domingues, que em tempos estava a tentar investigar.
Um abraço
APS

APS disse...

Caro Duende

É sempre um prazer te-lo como comentador.
Infelizmente o problema não é só com a «LUA DE MEL», parece-me que essa norma está enraizada no nosso país.
Um abraço
APS

APS disse...

Cara Luísa

Eu e minha mulher também fomos durante alguns anos clientes da «LUA DE MEL». Éramos apreciadores dos "combinados", não podendo mesmo esquecer os deliciosos "Russos".
Belos tempos!

Da Pastelaria "Rosa Araújo" já me tinha referido aos "CÓCÓS" quando publiquei a «RUA DE SÃO NICOLAU» em 17 de Maio de 2008. Não conhecia o modo de como eram preparados os "CÓCÓS".
Obrigado pelo comentário e volte sempre.
Abraço
APS

Ricardo Moreira disse...

Caro APS

Embora seja fora do tópico, posso dizer que em relação à nova ponte nada mais se soube. Apenas que ela irá de facto passar onde se situa a Afonso Domingues, tendo a Refer já lançado concurso público para a construção do parque de material do futuro comboio de alta velocidade para uns terrenos entre o Oriente e Braço de Prata.
E com a ponte, e para além da Afonso Domingues, irá acabar também a Manutenção Militar. Bastaria a ancoragem da ponte ser uns metros mais ao lado, onde era a Fábrica de Sabões, e já nada seria deitado abaixo! É o país que temos.