quarta-feira, 27 de abril de 2011

CALÇADA DOS BARBADINHOS [ XIII ]

Calçada dos Barbadinhos (2009) (Início da Calçada dos Barbadinhos, vendo-se ao lado esquerdo o Palácio Vasco Veloso- Fábrica de Tabaco e actual comando da GNR, no lado direito as Casas pequenas dos senhores de Pancas/Palha) in GOOGLE EARTH

Calçada dos Barbadinhos - (1998) (Planta aerofotogramética 3/7 e 4/7. Escala 1:2000. Maio de 1963, actualizada em 1987 - Assinalamos: O Palácio de Veloso, Fabrica de Tabacos e GNR. Mais para a direita o conjunto da Igreja e Convento dos Barbadinhos Italianos, em baixo o antigo Convento de Santa Apolónia) in CAMINHO DO ORIENTE


Calçada dos Barbadinhos - (s/d) - Foto de Eduardo Portugal (Rua da Cruz de Santa Apolónia Palácio Veloso-Fábrica de Tabacos e actualmente a G.N.R.) in AFML

(CONTINUAÇÃO)

CALÇADA DOS BARBADINHOS [ XIII ]

«FÁBRICA DA COMPANHIA LISBONENSE DE TABACOS ( 1 )»

A instalação da «COMPANHIA LISBONENSE DE TABACOS», na «RUA DA CRUZ DE SANTA APOLÓNIA», no número 30, evidencia mais um caso de funcionalidade de um espaço não construído para fins industriais. De facto, o prédio pertenceu a um importante negociante do tempo de «D.JOÃO V», que veio a perder parte da sua fortuna no terramoto de LISBOA de 1 de Novembro de 1755. Sobre o portão principal do palacete ainda se encontra o brasão de armas das famílias «VELOSO E REBELO PALHARES».

O edifício andou associado a contendas judiciais até ser adquirido pelos negociantes de tabaco, que aproveitaram a liberdade de comércio e fabrico, introduzida em 01.01.1865, pelo Conde de Valbom, resolveram fundar, sem grandes custos de edificação uma nova fábrica em LISBOA. A fundação deveu-se à iniciativa de «JOSÉ MARIA EUGÉNIO DE ALMEIDA»(1811-1872) e «JOÃO PAULO CORDEIRO», que constituíram uma sociedade anónima de responsabilidade limitada, com o capital de 100 contos, passado para 450 pouco tempo depois. Tendo os seus estatutos sido aprovados em 29.11. de 1865.

As instalações da fábrica correspondiam a quase um quarteirão, situado entre a referida «RUA DA CRUZ DE SANTA APOLÓNIA» (onde se desenvolvia a fachada principal) e a «CALÇADA DOS BARBADINHOS», tendo acesso pela «RUA AFONSO DOMINGUES», correspondente às traseiras do antigo palácio e quinta do grande comerciante do período joanino.

As caracteristicas do imóvel permitiam adaptações forçadas às necessidades da industria do Tabaco, mas os administradores sentiram que se impunham alterações indispensáveis. Em 1879, o administrador da fábrica «GUILHERME P. SÁ VIANA» solicita à Câmara de Lisboa a alteração da fachada do prédio, introduzindo-lhe novas janelas, regular no piso inferior do edifício, em toda a extensão do mesmo.

O presidente do município «ROSA ARAÚJO» autorizou a obra, acabando por ser executada em conformidade com as exigências da Câmara. Por sua vez, o mesmo administrador, em 1883, submete à aprovação um projecto para remodelar as coberturas. Os antigos tectos substituíram-se por um telhado assente em vigas e asnas de madeira, ao mesmo tempo que se constroi uma espécie de mansarda. Todavia, os documentos permitem detectar dois momentos distintos de modificações, um caracterizado por adaptação do palácio nobilitado pela presença do portal e janelas brasonadas e o outro, pela ampliação dos corpos regulares no prolongamento da fachada anterior.

Os documentos provam as alterações ocorridas numa tentativa de adaptação às novas funções industriais. No entanto, a exiguidade das instalações e de espaço obrigou a ampliações na área do logradouro e da quinta do comerciante, crescimento por justa posição de oficinas, entre as quais se deverá referir a casa das máquinas. Os novos edifícios revelaram uma arquitectura consoante às funções tabaqueiras, com imóveis de alvenaria de tijolo e ferro. Entretanto, em 1881, ano do INQUÉRITO INDUSTRIAL, a «COMPANHIA LISBONENSE DE TABACOS» funde-se com a «COMPANHIA NACIONAL DE TABACOS», de XABREGAS. Dessa fusão nasceu a «COMPANHIA NACIONAL DE TABACOS DE LISBOA», doravante administradora das duas empresas a de XABREGAS e a SANTA APOLÓNIA. O seu destino industrial passará a andar associado à história das Companhias que administrarão a fábrica de Xabregas, até 1965.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)-«CALÇADA DOS BARBADINHOS [ XIV ] - FÁBRICA DA COMPANHIA LISBONENSE DE TABACOS ( 2 )»





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