quarta-feira, 30 de novembro de 2011

TRAVESSA ANDRÉ VALENTE [ I ]

Travessa André Valente - (1856) (Levantado por Carlos Pezerat, Francisco Goulard e César Goulard) (Planta Nº 2 sob a direcção de Filipe Folque - 1856-1858) in ATLAS DA PLANTA TOPOGRÁFICA DE LISBOA - CML



Travessa André Valente - (1945) - Foto de J. C. Alvarez (A "Calçada do Combro" em primeiro plano o "Palácio de André Valente", seguido da "Capela da Ascenção de Cristo" e mais à frente a "Igreja dos Paulistas") in AFML


Travessa André Valente - (1913) - Foto de Joshua Benoliel (O Elevador "Estrela-Camões", também chamado de "MAXIMBOMBO" passando frente à "TRAVESSA ANDRÉ VALENTE" descendo a "CALÇADA DO COMBRO") in AFML

- TRAVESSA ANDRÉ VALENTE [ I ]
«A TRAVESSA ANDRÉ VALENTE ( 1 )»

A «TRAVESSA ANDRÉ VALENTE» pertence à freguesia de «SANTA CATARINA». Começa na «CALÇADA DO COMBRO» no número 56 e termina na «RUA DO SÉCULO» no número 19.

Diz-nos «NORBERTO DE ARAÚJO» nas suas «PEREGRINAÇÕES EM LISBOA», Livro V, página 30, que: "Foi este ANDRÉ VALENTE, que o dístico em azulejo policromo da Travessa, no vértice do seu cotovelo dá como Jurisconsulto do século XVI, (...) muito rico, que viveu na metade de quinhentos e deixou o mundo por volta de 1628".

Quem conhece a íngreme «CALÇADA DO COMBRO», à ilharga do «BAIRRO ALTO», ligando os altos do «CALHARIZ» aos baixos dos «POIAIS DE S. BENTO» e do «POÇO DOS NEGROS», recordará um grande prédio que nos ficava à direita de quem desce, esse palácio pertenceu ao desembargador «ANDRÉ VALENTE». Essa casa tinha ligação (visível até pela aproximação) com a «ERMIDA DA ASCENSÃO DE CRISTO», que hoje, ao passante desprevenido e distraído, parecerá apenas um prolongamento da «IGREJA DOS PAULISTAS» ou «PAROQUIA DE SANTA CATARINA».

Em finais do século XV, tinha a sua morada junto da capela um nobre endinheirado, de seu nome «ANTÓNIO SIMÕES DE PINA» ( 1 ). Uma sua descendente, «CATARINA DE PINA», a quem couberam a CASA e a ERMIDA, veio a casar com o «DR. ANDRÉ VALENTE DE CARVALHO». Este, uma vez na posse das terras e edifício, veio a transformar de tal forma que tudo pareceu novo. E, para a posteridade, ficou o casarão com o nome de «PALÁCIO DE ANDRÉ VALENTE». Esta fidalgo e jurista viveu em tempos da presença dos «FILIPES» no trono português, tendo-se instalado na «CALÇADA DO COMBRO» por volta do ano de 1600. Formado em leis em COIMBRA, desempenhou uma série de cargos importantes. Assim, há notícias de ter sido corregedor em ELVAS, desembargador dos "Agravos" no PORTO (cidade em que também foi Desembargador da Relação), Vereador na CÂMARA DE LISBOA e, ainda na capital, Desembargador da «CASA DA SUPLICAÇÃO».

No edifício da «CALÇADA DO COMBRO», mandou o proprietário abrir um jardim interior, o que poderá dar uma pálida ideia da sua noção de comodidade e estética. A vasta construção, confluía com a «TRAVESSA» que hoje tem o nome do proprietário, via que forma um ângulo recto e conduz à rua que nessa altura se chamava de «FORMOSA», hoje «RUA DO SÉCULO».

( 1 ) - Pessoa nobre e rica pelos anos de 1500 pouco mais ou menos, segundo nos diz "FREI AGOSTINHO DA SANTA MARIA".

(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «TRAVESSA ANDRÉ VALENTE [ II ] - A TRAVESSA ANDRÉ VALENTE (2)».


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