quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

TRAVESSA ANDRÉ VALENTE [ V ]

Travessa André Valente - (2011) ("Travessa André Valente" por cima da porta com o número 25 a lápide que menciona o falecimento do poeta "BOCAGE") in GOOGLE EARTH


Travessa André Valente - (2010) Foto de Mário Marzagão - (Travessa André Valente, lápide mencionando o falecimento do poeta "BOCAGE") in MÁRIO MARZAGÃO ALFACINHA




Travessa André Valente - (1905) Foto de Joshua Benoliel (Descerramento da lápide à memória do falecimento do poeta Barbosa du Bocage, por cima do número 25 da Travessa André Valente) in AFML

Travessa André Valente - (Século XVIII) - Retratado pelo Pintor Elói - (O poeta Barbosa du Bocage que morou no número 25 desta Travessa e nela faleceu) in POETA ANARQUISTA
(CONTINUAÇÃO) - TRAVESSA ANDRÉ VALENTE [ V ]

«CASA ONDE FALECEU BOCAGE»

A «TRAVESSA ANDRÉ VALENTE» que liga a «CALÇADA DO COMBRO» à «RUA DO SÉCULO», passou a chamar-se, com naturalidade, «ANDRÉ VALENTE», perpetuando assim no local o nome do desembargador. Já havia notícia do nome em 1801. Virá a propósito uma referencia ao mais ilustre morador dessa pequena rua em forma de cotovelo. Nela residiu com sua irmã e lá morreu vítima de aneurisma, no último andar no número 25 em 21 de Dezembro de 1805, «MANUEL MARIA BARBOSA DU BOCAGE», setubalense de nascimento e que deu brado em LISBOA na transição do século XVII para o século XVIII.

O poeta «MANUEL MARIA BARBOSA DU BOCAGE», nasceu a 15 de Setembro de 1765, em SETÚBAL. A sua vida boémia incluiu a paixão por «GERTRUDES», que se transformaria em sua musa. Seguem-se episódios de uma vida aventureira e dissoluta, a que não faltam prisões e até o recolhimento forçado em um «MOSTEIRO». Mereceu destaque no «ARCADISMO PORTUGUÊS» com o pseudónimo de «ELMANO SADINO».

Deixamos aqui registado, o início do soneto que se supõe ter sido escrito na sua velha casa, no número 25 da «TRAVESSA ANDRÉ VALENTE», demonstrando, sem dúvida, um arrependimento de «BOCAGE» horrorizado perante os desvios da sua carreira.

Já BOCAGE não sou!...À cova escura/Meu estro vai parar desfeito em vento.../Eu aos Céus ultrajei! O meu tormento/Leve me torne sempre a Terra dura.
A casa está hoje assinalada por uma lápide. Da data do falecimento há certezas: foi exarado um assento que diz ter, na data referida, falecido na «TRAVESSA ANDRÉ VALENTE» "com todos os sacramentos, "MANUEL MARIA BARBOSA DU BOCAGE", solteiro, natural de SETÚBAL, filho do bacharel "José Luís Soares Barbosa" e de "Mariana Joaquina Lestiff du Bocage". Não fez testamento". Tudo estava certinho, mas «BOCAGE» foi sepultado no vizinho cemitério das «MERCÊS», campo Santo hoje impossível de reconhecer, pois estava situado no espaço que é agora ocupado por prédios com frente para a «TRAVESSA DAS MERCÊS», confluindo para a «CALÇADA DOS CAETANOS» e para a «RUA LUZ SORIANO». A desocupação do cemitério, devido à ordem de urbanização do local, e a consequente transladação das ossadas feitas à toa, em carroças, para o «CEMITÉRIO DO ALTO DE SÃO JOÃO», foram causa de se terem perdido os restos mortais do poeta. [ FINAL ]

BIBLIOGRAFIA

- ARAÚJO, Norberto de - PEREGRINAÇÕES EM LISBOA - 2ª Edª. - 1992 vega- livro V-LISBOA

- BANDEIRA, D. Marta de Abreu Freire Pacheco - Estacionamento Intensivo em Malhas Históricas Consolidadas - Instituto Superior Técnico - Novembro de 2008.

CASTILHO, Júlio de - LISBOA ANTIGA - O BAIRRO ALTO - 3ª Ed. 1956- Volume III - Publicações Culturais da Câmara Municipal de Lisboa.

- MARTINS, Rocha - LISBOA DE ONTEM E DE HOJE - ENP - 1945- Lisboa

- SARAIVA, A. J. e LOPES, Óscar - HISTÓRIA DA LITERATURA PORTUGUESA - Porto Editora - 17ª Ed. - 1996 - PORTO.

INTERNET


(PRÓXIMO) - «ÍNDICES DE ARTÉRIAS E FREGUESIAS EDITADAS EM 2011».

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