sábado, 23 de junho de 2012

AVENIDA D. CARLOS I [ VII ]

 Avenida D. Carlos I - (2012) (A "Avenida D. Carlos I" na parte norte, próximo da "Calçada da Estrela") in GOOGLE EARTH
 Avenida D. Carlos I - (2007) - (Visto de Satélite o local onde existiu o "CONVENTO DE N. Sª. DA ESPERANÇA", hoje instalações do "R.S.B.") in GOOGLE EARTH
 Avenida D. Carlos I - (195_) Foto de gravura por Eduardo Portugal (Gravura do "CONVENTO DA ESPERANÇA") in AFML
 Avenida D. Carlos I - (Século XVIII) - (Inventariado por João Miguel dos Santos Simões) (Antigo "CONVENTO DA ESPERANÇA" painel com cenas de música) in FUNDAÇÃO CALOUSTE  GULBENKIAN
Avenida D. Carlos I - (Século XVI - Desenho) (Foto de Eduardo Portugal de 195_) (Copiou o desenho A. Pedroso) (Desenho da "Igreja de Nossa Senhora da Piedade da Esperança", desenho de Luís Gonzaga Pereira) (Série Monumentos Sacros de Lisboa, 1833) in AFML

(CONTINUAÇÃO) - AVENIDA D. CARLOS I [ VII ]

«O CONVENTO DA ESPERANÇA ( 2 )»

A casa religiosa ficou sob a invocação de «NOSSA SENHORA DA PIEDADE» e fez moda em Lisboa. Consta por exemplo, que a rainha «D. CATARINA», viúva de «D. JOÃO III», gostava de passar longos tempos no «PAÇO DE SANTOS», acompanhada de seu neto «D. SEBASTIÃO», frequentando com assiduidade a casa religiosa da «ESPERANÇA».

Convém contudo, explicar que toda a gente praticamente conheceu sempre o «MOSTEIRO» pelo nome de «Nª. Srª. DA ESPERANÇA» ou simplesmente «DA ESPERANÇA», embora o nome oficial não fosse esse, como vimos. A razão é singela: como se verifica, este é um local situado à beira-rio, habitado desde cedo pela gente do mar. Ora a grande devoção destes fieis era prestada à «SENHORA DA ESPERANÇA», a quem recorriam sempre que o mar não ia de feição e sentiam necessidade de auxilio vindo do alto.  
Pescadores e marinheiros formavam assim uma confraria. Reunia-se esta na «IGREJA DO MOSTEIRO». E tanta fama veio a ter a «SENHORA DA ESPERANÇA» entre todos os frequentadores do templo, que não absorveu qualquer outra denominação. Quem quisesse tirar daqui explicações de carácter social, concluiria facilmente que a gente plebeia averbou aqui uma retumbante vitória à classe nobre.
Mas porque, segundo consta, no CÉU não há lugar de classes e também porque «NOSSA SENHORA DA PIEDADE» e «NOSSA SENHORA DA ESPERANÇA» são uma e a mesma. (Registe-se apenas a curiosidade).
Ficou escrito que este «MOSTEIRO DA ESPERANÇA» foi rico de interiores, correpondendo portanto, à qualidade das suas ocupantes.
Existiam preciosidades artísticas tanto na Igreja como nos aposentos, embora o exterior do edifício não desse aspecto de grandes luxos. (Uma parte das suas riquezas internas foi parar ao «MUSEU DE ARTE ANTIGA»).
O «MOSTEIRO DA ESPERANÇA» dominava todas as terras em redor. Faziam parte dos seus terrenos,  no lado norte a actual «AVENIDA D. CARLOS I» e toda a «RUA DOS INDUSTRIAIS», a   «RUA DAS FRANCESINHAS»,  até à «RUA DO POÇO DOS NEGROS» praticamente junto ao «PALÁCIO FLOR DA MURTA».
O «MOSTEIRO» ainda ficou célebre por factores que pouco tinham a ver com os bens materiais que possuía. Em primeiro lugar, porque ali se faziam uns "queijinhos" que deram brado e também uma especialidade que as senhoras ali internadas executavam como nenhum profissional da arte "doceira": o «BOLO PODRE», que, embora com esta designação, era geralmente conhecido como um dos requintes da doçaria portuguesa.
Outra causa de celebridade foi, sem dúvida, o facto de lá se ter recolhido, em 1667, a rainha «D. MARIA FRANCISCA ISABEL DE SABOIA», que foi mulher de dois irmãos (D. AFONSO VI e D. PEDRO II). No intervalo entre maridos, enquanto se resolvia juridicamente o seu problema de (anulação do casamento com o primeiro), esteve neste CONVENTO com duas aias,  o que fazia alterar substancialmente os hábitos das recolhidas, dado que tudo estava preparado para uma lotação de 50 senhoras.

(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «AVENIDA D. CARLOS I [ VIII ] - O CONVENTO DA ESPERANÇA ( 3 )».

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