quarta-feira, 27 de junho de 2012

AVENIDA D. CARLOS I [ VIII ]

 Avenida D. Carlos I - (Século XIX) (Desenho de Roque Gameiro) (Parte da Cerca e entrada da Igreja do "CONVENTO DA ESPERANÇA. No Largo, barracas de venda, ovarinas conversando e aguadeiros no seu ritual do século XIX) in LISBOA VELHA DE ROQUE GAMEIRO
 Avenida D. Carlos I - (Desenho de "António Ramalho", foto do de Eduardo Portugal) (Demolições no "Largo da Esperança" em "Monumentos de Lisboa") in AFML
 Avenida D. Carlos I - (2009) Foto de Lampião 2000 (Edifício na actual "Avenida D. Carlos I" local onde antigamente era conhecido como "Largo da Esperança") in  SKYSCRAPERCITY
Avenida D. Carlos I - (c. 1907) Foto de Joshua Benoliel (Edifício da "Avenida D. Carlos I" com os números 103 e 105) in AFML

(CONTINUAÇÃO) - AVENIDA D. CARLOS I [ VIII ]

«O CONVENTO DA ESPERANÇA ( 3 )»

A fidalga «D.ISABEL DE MENDANHO» que como dissemos foi a fundadora do «CONVENTO DA ESPERANÇA» embora a sua morte tivesse interrompido o desejo que tinha de ver o «MOSTEIRO» concluído. Porém, a casa terá sido acabada por outra senhora nobilíssima chamada «D. JOANA D'EÇA» (viúva de "PEDRO GONÇALVES DA CÂMARA", segundo capitão da Ilha da Madeira) e filha de «JOÃO FOGASSA) e de »D. MARIA DE EÇA».
«D. JOANA D'EÇA», considerou que este Mosteiro seria o lugar ideal onde se poderia recolher, atendendo que se esperavam para breve religiosas de grande notabilidade, entre as quais estavam duas filhas suas. Pediu a «EL-REI D. JOÃO III» e aos «PRELADOS» autorização para se recolher ao Mosteiro e nele esperar a vinda das suas filhas, com as quais ainda viveu em louvável recolhimento e exemplo de virtude. Alguns anos depois a «RAINHA D. CATARINA» chamou-a para sua camareira-mor, em cujo serviço se prolongou por alguns anos, recebendo da rainha largas mercês.
«El-REI D. JOÃO III» e a rainha terão contribuído bastante para o engrandecimento e alargamento das instalações religiosas.
«D. JOANA D'EÇA» enquanto viveu, foi uma boa benfeitora e protectora do Mosteiro, no qual fez a casa do Capítulo, com grande magnificência e perfeição, dando bonitos ornamentos para o serviço da Igreja.
No fim da sua vida foi sepultada no coro deste Mosteiro no ano de 1571. Deixou às religiosas a sua «terça», e cento e noventa mil réis de foros na «ILHA DA MADEIRA», e outras fazendas que foram vendidas para satisfazer algumas obrigações.
A Igreja tem uma nobre entrada porque antes de chegar ao adro existe uma praça larga capaz de acomodar muita carruagem da nobreza quando em ocasiões especiais utilizam os serviços da Igreja. Termina o adro da Igreja, de boa largura, com grades de ferro, e dentro delas ficam duas nobres cruzes de mármore vermelho.
Na porta que dá entrada para a Igreja existia duas colunas grossas e redondas uma de cada lado e sobre as quais assentava uma larga cimalha. Por cima da porta um frontispício com duas quartelas nas ilhargas.

O «MOSTEIRO» possuía em 1704 cerca  38 religiosas professas, uma noviça, 13 pupilas e 24 criadas para o serviço do Convento. Com o terramoto de 1755 o Convento ficou muito danificado.
No ano de 1834, posta em vigor a lei que acabou com as instalações religiosas, a «ESPERANÇA» iria mudar de feição. Mas dizia a norma que, nos Conventos femininos, o ESTADO só tomaria posse quando morresse  a última recolhida , (foi o caso de soror "CÂNDIDA DE JESUS") teve o ESTADO por isso, de esperar 54 anos.
Em 1888, estando o edifício já na posse do Município lisboeta, procedeu-se à demolição quase total. O espaço foi aproveitado para o quartel dos Bombeiros, então chamados Municipais. Estava-se em 1891-92 e os trabalhos foram dirigidos pelo arquitecto «JOSÉ LUÍS MONTEIRO». Muitos materiais foram aproveitados do velho Convento; arcos, guarnições, azulejos, colunas e uma parte das suas riquezas internas foram parar ao «MUSEU DE ARTE ANTIGA».
É tarefa espinhosa encontrar no quartel de hoje reminiscências do Mosteiro de ontem. Para mais, as instalações dos muito propriamente chamados de soldados da paz, tem sido submetido a obras periódicas.

(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «AVENIDA D. CARLOS I [ IX ] - A GUILHERME COSSOUL E O CRUZEIRO DA ESPERANÇA»      

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