sábado, 28 de julho de 2012

AVENIDA D. CARLOS I [ XVII ]

 Avenida D. Carlos I - (ant. 1755) Maqueta do "CONVENTO DE S. BENTO DA SAÚDE" executada entre 1955 e 1959 por "TICIANO VIOLANTE". Este Convento ficava a norte do "Convento da Esperança" in MUSEU DA CIDADE

 Avenida D. Carlos I - (Meados do século XIX) Foto de 1947 dos Estúdios Mário Novais (Panorama do "CONVENTO DE S. BENTO DA SAÚDE", aguarelado realçada a guache) in AFML 

 Avenida D. Carlos I - (ant. 1895) Foto de Francisco Rocchini) (Fachada do "MOSTEIRO DE S. BENTO DA SAÚDE", depois "PALÁCIO DAS CORTES") in AFML
 Avenida D. Carlos I - (Século XIX) Foto de autor não identificado (Fachada do Convento de São Bento da Saúde) in AFML
 Avenida D. Carlos I - (ant. 1895) Foto de autor não identificado ("CONVENTO DE S. BENTO DA SAÚDE" depois "PALÁCIO DAS CORTES") in AFML
Avenida D. Carlos I - ( 1941 ) Foto de Eduardo Portugal ("CONVENTO DE Nª. Srª. da ESTRELA", depois conhecido também como "CONVENTO DE S. BENTO-O-VELHO" hoje o "HOSPITAL MILITAR DA ESTRELA") in AFML

(CONTINUAÇÃO - AVENIDA D. CARLOS I [ XVII ]

«O CONVENTO DE S. BENTO DA SAÚDE»

Curiosamente, numa terra em que um dos gostos é mudar (nomes, sítios, funções etc.) tem-se registado, através do tempo, uma razoável consonância em relação ao «CONVENTO DE S. BENTO DA SAÚDE» como sede do «PARLAMENTO».
Vamos recuar uns séculos de história para desvendar de onde vinha este «CONVENTO» transformado em «PALÁCIO» e que, após obras sempre sucessivas, alberga os eleitos pela Nação.

Toda aquela encosta, que é hoje a «CALÇADA DA ESTRELA» e imediações, estava, no século XVI, ocupada por duas grandes quintas: na parte de cima, encontrava-se a propriedade de «LUÍS ALTER ANDRADE» e, na de baixo, a de «ANTÃO MARTINES».
Entretanto, vieram os «BENEDITINOS» de «TIBÃES» para LISBOA, frades da  "Ordem de S. BENTO". Compraram uma parte da quinta de cima e lá edificaram  um pequeno Convento, o de «NOSSA SENHORA DA ESTRELA», (depois conhecido também como "Convento de S. Bento-o-Velho") no sítio onde actualmente se encontra o «HOSPITAL MILITAR DA ESTRELA».
Mas as instalações eram pequenas para as ideias dos beneditinos. Em 1596, era comprada a quinta do «ANTÃO MARTINES». O povo chamava ao sítio de «QUINTA  DA SAÚDE», pelo facto de ali se ter instalado, por volta de 1570, uma espécie de hospital para recolher os doentes atingidos pela peste. Assim, o novo Convento, que logo começou a ser erguido, passou a ser chamado de «S. BENTO DA SAÚDE».
As obras do grande edifício foram entregues ao arquitecto «BALTASAR ALVARES» (1560-1630) que já tinha trabalhado na reedificação de «SÃO VICENTE» e no «COLÉGIO DE SANTO ANTÃO-O-NOVO», que conhecemos como «HOSPITAL DE SÃO JOSÉ».
Embora ocupado desde 1598, o edifício só veio a ser dado como pronto em 1615.
(É bom recordar que por vários nomes foi chamado este Convento. Convento de S. Bento-o-Novo, para se diferenciar do "velho" na "Calçada da Estrela", Convento de S. Bento da Saúde, (em memória ao sítio da saúde) e ainda Convento de S. Bento dos Negros, em virtude da cor do hábito usado pelos religiosos).
Um século e tal depois, ocorreu o Terramoto grande. Os estragos não foram demasiados pesados, tanto no edifício como na "Igreja Conventual", que ficava a meio, virada ao largo, sensivelmente onde temos hoje o frontão da ASSEMBLEIA.
Começara entretanto a notar-se algum abandono das primitivas ideias largas dos Beneditinos: iam estes alienando pedaços das suas terras e permitindo a construção de casas que ou eles próprios exploravam ou cediam a foreiros.
Por outro lado, o edifício por ser demasiadamente vasto e em grande parte desocupado, teve a partir de então utilizações diversas; o «ARQUIVO NACIONAL» instalado na época na «TORRE DO TOMBO», no «CASTELO DE S. JORGE») tivesse de ser mudado. Foi ocupar a ala sudoeste do edifício e por lá permaneceu de 1756 a 1990, sendo no último ano transferido e instalado na CIDADE UNIVERSITÁRIA DE LISBOA, em edifício próprio. Diga-se que também habitaram em «S. BENTO», ainda que por períodos curtos, com a cedência da parte do edifício para a instalação da sede do «PATRIARCAL DE LISBOA» em 1755, e parte da ala sudoeste a fim de aí instalar-se a «ACADEMIA MILITAR» em 1757.
Um cronista não hesita em dizer que aquele espaço foi, além de Mosteiro, prisão, hospedaria, sepultura de estranhos, refúgio e armazém dos despojos militares franceses.

(CONTINUA) - (PRÓXIMO) -«AVENIDA D. CARLOS I [ XVIII ]- DAS CORTES À ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA»    

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