quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

RUA DO LORETO [ III ]

 Rua do Loreto - (2012) - (A "Rua do Loreto" junto ao edifício do Cinema, vendo-se ao fundo a "Igreja de Nª. Srª. do Loreto" também conhecida pela "Igreja dos Italianos" in GOOGLE EARTH
 Rua do Loreto - (2009) Foto de Lampião (A "Rua do Loreto" e entrada para o "CINE PARAISO") in SKYSCRAPERCITY
 Rua do Loreto - (A fachada do "CINE PARAÍSO" na "Rua do Loreto", onde já não funcionava a "Tabacaria" no número 17) in OS MAIS ANTIGOS CINEMAS DE LISBOA
 Rua do Loreto - (1961) Foto de Armando Madureira (O "Salão Ideal" na "Rua do Loreto", junto da porta alguns eventuais espectadores consultando o programa. Nesta altura ainda funcionava a tabacaria no número 17) in AFML
 Rua do Loreto - (1908) Foto de João Freire (João Freire Correia" o grande fotógrafo, cria a primeira ficção cinematográfica) in  SEARA NOVA
Rua do Loreto - (1908) (O cinema "Salão Ideal" anunciando a exibição do filme de sua Majestade El-Rei D. MANUEL II, na visita à Escola do Exército) in RESTOS DE COLECÇÃO


(CONTINUAÇÃO) - RUA DO LORETO [ III ]

«O CENTENÁRIO CINEMA DO LORETO ( 2 )»

 Durante cerca de quatro anos, tudo correu razoavelmente aos dois sócios que, entretanto, tinham contratado "PINHO DA CUNHA" para gerente.
Mas a vida não parava e o cinematógrafo revelava-se razoável negócio, pelo que mais salas foram abrindo por «LISBOA», ostentando novos atractivos e mais comodidades. A casa do Loreto começava a sofrer crise de espectadores.
Surgiu então outro amante do cinema, «JÚLIO MARTINS DA COSTA» - que viria a ser produtor, distribuidor e exibidor - como homem providencial. De sociedade com "JOÃO AZEVEDO DE ALMEIDA", comprou o barracão do "LORETO" e mandou fazer obras de grande vulto.
Mas o mesmo "JÚLIO DA COSTA" teve a ideia bem mais engenhosa para dar novo alento à  sua casa de espectáculos: em tempo de filmes mudos, pôs toda a gente a falar!
Levando ao "LORETO" muitos actores amadores, que se reuniam atrás do ecrã e falavam nos momentos oportunos, procurando sincronizar as suas vozes com os momentos em que os actores na tela abriam e fechavam a boca. Tinham também de rir ou chorar, quando fosse caso disso. O processo não seria perfeito, convenhamos, lembrar-nos de que ainda hoje, com técnicas mais aperfeiçoadas, às vezes, nas dobragens, ainda acontece a voz não acertar com a boca da personagem...  Mas o certo é que o processo fez furor na época.
Para o êxito, contribuiu a qualidade de alguns dos "faladores". "JÚLIO COSTA" esteve ligado aos "Bombeiros Voluntários da Ajuda", corporação a que pertencia o grande "ANTÓNIO SILVA". Começando como simples amador dramático, este então futuro actor de teatro e cinema, fez parte do grupo dos que interpretavam as vozes no "SALÃO IDEAL". 
Deu por exemplo, voz a "JUDAS", numa versão da "VIDA DE CRISTO" que fez esgotar a sala e pôs o público a chorar, ao ouvir, pela primeira vez, as "vozes da virgem" e do "Salvador". Para não existir falhas de ordem bíblica, os diálogos eram adaptados por um sacerdote, no caso o capelão do "Regimento de Caçadores 5".
A afluência foi tal que o elevador que ligava a "ESTRELA" ao "CAMÕES" (actualmente o mais comparado será o eléctrico da carreira Nº 28) foi parado, dada a quantidade de pessoas que aguardavam entrada no cinema.
Como curiosidade podemos acrescentar que foi "JOÃO FREIRE CORREIA" o grande fotógrafo e fundador da «PORTUGALIA FILMES» nos seus estúdios improvisados na "RUA DO BENFORMOSO", que se rodou o nosso primeiro filme de entrecho e que tem LISBOA como cenário: "OS CRIMES DE DIOGO ALVES". Foi realizado por "João Tavares" e estreado em Abril de 1911, com exteriores filmados no "Beco da Barbadela" e no "Poço do Borratém". 

(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «RUA DO LORETO [ IV ] -O CENTENÁRIO CINEMA DO LORETO ( 3 )». 

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