sábado, 27 de julho de 2013

RUA DO AÇÚCAR [ XXIV ]

 Rua do Açúcar - (1992/3) - Foto de Filipe Jorge (Panorama da antiga "QUINTA DE MARVILA". Se alinharmos em linha recta de "X" a "X", vamos encontrar, sensivelmente, as grandes dimensões desta Quinta) in LISBOA VISTA DO CÉU
 Rua do Açúcar - ( 1998) Foto de António Sacchetti (Vista do conjunto do Palácio dos "MARQUESES DE ABRANTES". No lado esquerdo o edifício onde esteve instalado de 1862 a 1930 a "Escola Normal Primaria de Lisboa", para o ensino de professores. O grande portal central de acesso ao pátio é o elemento central enobrecedor do conjunto, sendo as duas janelas que o acompanham possivelmente mais tardias) in CAMINHO DO ORIENTE
 Rua do Açúcar - (anos 50 do século XX) Foto de autor não identificado (No chamado pátio do Palácio, a sede de um clube recreativo, dominada por um pequeno campanário, da antiga Capela dos "Marqueses de Abrantes") in ANTIGA FREGUESIA DOS OLIVAIS 
Rua do Açúcar - (2011) (Pátio do antigo "PALÁCIO DOS MARQUESES DE ABRANTES", virado para a "Rua de Marvila") in MARCAS DAS CIÊNCIAS E DAS TÉCNICAS

(CONTINUAÇÃO) RUA DO AÇÚCAR [ XXIV]

«A QUINTA E PALÁCIO DOS MARQUESES DE ABRANTES ( 1 )»

"DOM AFONSO HENRIQUES" após a tomada de LISBOA, doou à "MITRA DE LISBOA" (1149) "três dezenas de casas e todas as rendas e terras de MARVILA que pertenciam às Mesquitas dos MOUROS ( 1 ). Por sua vez, o 1º Bispo lisboeta, «D. GILBERTO», ao organizar o CABIDO (1150) concedeu-lhe metade de Marvila.
A parte adstrita à Mesa Pontifical - a QUINTA DA MITRA - constituía um terreno vastíssimo indo do BEATO ao POÇO DO BISPO, e do rio até à estrada para o ALFUNDÃO. Veio a "QUINTA DE MARVILA" a cair na família dos "COSTAS", parente do cardeal ALPEDRINHA, "D. JORGE DA COSTA" com o domínio útil a título perpetuo. Integrada depois no «MORGADO DO ESPORÃO», transitou por herança para os "CONDES DE FIGUEIRÓ", depois de "VILA NOVA DE PORTIMÃO" e "MARQUESES DE ABRANTES".
A parcela maior da "HERDADE" - assim referida no século XVII - a chamada da "QUINTA GRANDE", reservaram os senhores para si, com vinhas, pomares, hortas e olivais, aí construindo casas nobres que, fruto de várias campanhas de obras, ganharam dimensões palacianas. Sabe-se que no século XV, entre os bens que pertenciam à sua "Mesa Pontifical", estava uma quinta " que se chama de MARVILA, que está além do Mosteiro de S. Bento". Em 30.04.1495 renovou o cardeal "ALPEDRINHA" o emprazamento em três vidas da (...) "Quinta de Marvila, além do Convento de S. João de Santo Elói, pelo foro de 3500 réis ( 2 ), a sua irmã, "D. CATARINA DE ALBUQUERQUE", terceira vida no prazo. Justificou-se a renovação, "por ela dita senhora ter feitas muitas benfeitorias e esperava ao diante mais fazer", na propriedade composta por casas, terras, vinhas e olivais. "D. CATARINA" nomeou na posse do prazo da quinta, em segunda vida, a sua sobrinha, "D. HELENA DA COSTA" ( 3 ), que o possuiu com isenção de foro na prelatura de "D.MARTINHO DA COSTA", seu tio.
Esta senhora, por sua vez, nomeou terceira vida, por testamento, ao irmão "JOÃO DA COSTA", senhor de "PANCAS", que em 1541 tomou posse (...) "da quinta de Marvila que está a par de S. Bento e das casas do Conde de Portalegre" ( 4 ).
Coube à mulher deste fidalgo, "D. INÊS DE NORONHA", a obtenção de novo plano de aforamento em (1573), e a duas de suas filhas um papel fundamental na história desta propriedade.
A primeira, "D. Jerónima de Noronha, sendo possuidora desta Quinta (...) suplicou à Sé Apostólica, lhe reduzisse este prazo que era em vidas, a enfatiota, em razão de haver feito nela grandes benfeitorias, e com efeito se lhe expediu BULA (...) ( 5 )
Concedido o pedido passou a «QUINTA DE MARVILA» a constituir um prazo perpétuo com o foro de 6000 réis anuais, por breve assinado pelo Cardeal "D. HENRIQUE" (1566), então ARCEBISPO DE LISBOA ( 6 ).
A segunda filha, herdeira da irmã, "D. HELENA DE NORONHA", senhora de "PANCAS", tomou posse da propriedade em 1575 ( 7 ),junto com seu primeiro marido "D. MANUEL DA CUNHA", Morgado de "TÁBUA".  "D. HELENA" casou em terceiras núpcias com "MANUEL DE VASCONCELOS", regedor da Justiça e Presidente da Câmara, Morgado "ESPORÃO", figura de relevo no período filipino, de quem não teve geração.
Sem herdeiros, foi obrigado a instituir por testamento (1602), aberto em Marvila  (1619), morgado de todos os seus bens livres, incluindo esta quinta.
Para primeiro administrador do vínculo, que anexou ao do "ESPORÃO", chamou o enteado "FRANCISCO DE VASCONCELOS" depois " 1º CONDE DE FIGUEIRÓ", primogénito do regedor.

- ( 1 ) -Cunha, D. Rodrigo da, História Eclesiástica da Igreja de Lisboa. Lisboa, 1642,pp69 e seg.
- ( 2 ) -IAN/TT,ACA - Morgado do Esporão, Mç. 188, doc. 3841.
- ( 3 ) -IAN/TT,ACA - Morgado do Esporão, Mç. 190, doc. 3904
- ( 4 ) -IAN/TT,ACA - Morgado do Esporão, Mç. 191, doc. 3927
- ( 5 ) -IAN/TT,ACA - Morgado do Esporão, Mç. 188, doc. 3840
- ( 6 ) -Delgado, Ralph - "O LUGAR DE MARVILA E A QUINTA DA MITRA", in Olisipo, Lisboa 1963, nº 103.
- ( 7 ) -IAN/TT,ACA - Morgado do Esporão, Mç. 190, doc. 3903

SIGLAS
- IAN/TT =Instituto de Arquivos Nacionais/Torre do Tombo.
- ACA = Arquivo da Casa de Abrantes   

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DO AÇÚCAR [ XXV ]A QUINTA E PALÁCIO DOS MARQUESES DE ABRANTES ( 2 )»

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