quarta-feira, 14 de agosto de 2013

RUA DA JUNQUEIRA [ II ]

 Rua da Junqueira - (2013) Foto de APS (A "Travessa da Galé" vista da parte Sul, ao fundo a "RUA DA JUNQUEIRA". Esta "Travessa da Galé" é um arruamento muito antigo para o qual não existem registos de oficialização.) in ARQUIVO/APS
 Rua da Junqueira - (2013) -Foto de APS (A "Travessa da Galé" com vista para a "RUA DA JUNQUEIRA", muito embora actualmente seja interrompida por uma escadaria de 3 degraus, tendo perdido a sua ligação rodoviária à "Rua da Junqueira". O termo "GALÉ" refere-se a uma antiga embarcação de guerra de baixo bordo, movida essencialmente a remos) in ARQUIVO/APS 
 Rua da Junqueira - (1967) Foto de Armando Serôdio (Panorama da "RUA DA JUNQUEIRA" vista para Poente, algumas casas apalaçadas que continuavam a resistir) in AFML
 Rua da Junqueira - (1966) Foto de Armando Serôdio (A "RUA DA JUNQUEIRA", esquina da "Travessa de Santo Amaro à Junqueira", ao fundo o sítio de "BELÉM") in AFML
 Rua da Junqueira - (1965) Foto de Armando Serôdio (A "RUA DA JUNQUEIRA" no seu lado par com seus palacetes antigos) in AFML
 Rua da Junqueira - (anos 50 do século XX) Foto de Armando Madureira (O edifício do "Ferrador do Altinho" na "Rua da Junqueira, 271) in AFML
Rua da Junqueira - (2013) (A antiga oficina do "Ferrador do Altinho", este edifício mais recuado que se apresenta fechado e em mau estado de conservação. Acabou o "ferrador", morreu mais uma memória de Lisboa) in  GOOGLE EARTH

(CONTINUAÇÃO - RUA DA JUNQUEIRA [ II ]

«A RUA DA JUNQUEIRA E SEU ENVOLVENTE ( 2 )»

Toda a zona fazia parte no século XVI, da "QUINTA DO CALDAS", estando estas terras vinculadas à família «SALDANHA» até à extinção do vínculo, em 15.01.1701. Nesta data, "JOÃO DE SALDANHA ALBUQUERQUE COUTINHO MATOS e NORONHA" presidente do "SENADO DA CÂMARA DE LISBOA", obteve de «D. PEDRO II» um alvará pelo que lhe foi concedida licença para aforar umas tantas braças de terreno à face da estrada desde as "Escadinhas de Santo Amaro" até "Belém", para aumentar os rendimentos do "MORGADO", a fim de fazer face às elevadas despesas da ampliação do seu solar da "CALÇADA DA BOA-HORA" e, também, para utilidade do público, obtendo efectivamente licença para esse aforamento. 
O "Morgado" guardou para si os terrenos do "GIESTAL" e do "ALTO DE SANTO AMARO" e transformou a casa em palácio.
Devido a este facto, a "JUNQUEIRA" passou a ser um sítio aprazível, onde se foram erguendo várias casas  nobres, do lado norte, com jardins ou terraços donde os proprietários podiam desfrutar das vistas e dos ares do TEJO.
Destes tempos remotos a "JUNQUEIRA" foi quinta de veraneio, com boas casas e excelentes hortas e pomares. Os palácios ou casas da Burguesia, que a esta zona se deslocavam para usufruir os seus tempos de lazer, são hoje testemunho indiscutíveis dessa época.
A «JUNQUEIRA» começou a perder o seu cunho de  paraíso junto do rio quando se iniciaram as construções do lado Sul, como a "CORDOARIA NACIONAL". Também ajudaram a afastar os palácios da zona ribeirinha os aterros da praia feitos pelo empreiteiro "HERSENT", no século XIX, aquando da construção do "PORTO DE LISBOA" e do alinhamento das margens do Rio.
Entretanto, o tempo e a ruína em que caíram muitas famílias fidalgas, fizeram degradar  os seus palácios. Por esse motivo, alguns entraram na posse do Estado, para Jardins e terrenos foram construídos edifícios necessários ao bem-estar da população, como o «HOSPITAL DE EGAS MONIZ» e o «INSTITUTO DE HIGIENE E MEDICINA TROPICAL».
Em 1912, o vereador "MANUEL EUGÉNIO PETRONILA" propôs a alteração do nome da "RUA DA JUNQUEIRA" para a do dramaturgo e poeta "D. JOÃO DA CÂMARA". imediatamente, os junqueirenses fizeram uma exposição à CÂMARA dizendo que não eram contra a homenagem que a CML pretendia fazer ao escritor, mas que a fizessem numa larga e ajardinada Avenida de Lisboa e que conservassem o nome da "JUNQUEIRA", que já vinha do século XIII. E o que é certo, é que a "RUA DA JUNQUEIRA" manteve o nome.
Um breve apontamento para «MÁRIO FERRADOR» ou o "FERRADOR DO ALTINHO" como era mais conhecido. Durante longas décadas ferrou cavalos e praticou a actividade de "endireita" na "RUA DA JUNQUEIRA número 271. Hoje as instalações encontram-se degradadas num edifício nesta rua, embora o prédio um pouco mais recuado, e que paralelamente dava para o "LARGO MARQUÊS DE ANGEJA". Um dia, nos anos 80 do século passado "MÁRIO FERRADOR" foi atropelado, falecendo tempos depois.
E assim acabou mais uma figura típica de LISBOA.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DA JUNQUEIRA [ III ]-O PALÁCIO DOS CONDES DA RIBEIRA GRANDE ( 1 )»

2 comentários:

Humberto disse...

Gorgeous!

APS disse...

Não entendi o seu comentário!
Se não responder correctamente, dentro de dias, apagarei o comentário.
Tenho dito!
APS