sábado, 18 de janeiro de 2014

RUA DO GRILO [ IV ]

 Rua do Grilo - (1986) Foto de APS (Uma vista do antigo "Convento dos Grilos" e "Igreja dos Grilos", também conhecida por "Igreja do Beato", na "Rua do Grilo")  in  ARQUIVO/APS
 Rua do Grilo - (1986) - (foto de APS) (Entrada principal do antigo "Convento dos Grilos", hoje "Recolhimento do Grilo" na "Rua do Grilo")  in ARQUIVO/APS
 Rua do Grilo - (1970) Foto de João H. Goulart (Fachada lateral do antigo "Convento dos Grilos" virado para a "Calçada do Grilo" e com esquina para a "Rua do Grilo")  in  AFML
 Rua do Grilo - (1999) Foto de António Sacchetti  (Panorama do "Convento dos Grilos" e "Igreja do Beato", o antigo muro de suporte à "Rua do Grilo"sobranceiro (na época) à margem do Rio Tejo) in  CAMINHO DO ORIENTE
Rua do Grilo - (2013) (Vista de Satélite da área do antigo "Convento dos Grilos" e sua Igreja, ao fundo, junto ao Tejo, uma parte do "Parque de Contentores de Xabregas" espaço ganho ao Rio) in  GOOGLE  EARTH

(CONTINUAÇÃO) - RUA DO GRILO [ IV ]

«O CONVENTO DOS GRILOS ( 3 )»

Após o incêndio de 1683, o CONVENTO foi reconstruído e muito aumentado, substituindo-se o modesto de uma casa eremíta pela exuberância de uma notável decoração barroca. 
Infelizmente não dispomos do arquivo desta congregação para se poder avançar com alguma segurança para a pormenorização das diversas fases dessas obras, bem como para o conhecimento dos autores dos projectos.
A data mais antiga, 1739, consta na lápide de consagração do altar-mor da Igreja e refere o patrocínio de um membro da Ordem, "D. FREI LEANDRO DA PIEDADE", Bispo de "S. TOMÉ". Sendo o mais natural é essas obras terem-se arrastado com vários intervenientes, denotando-se nalguns detalhes a justaposição de diferentes sensibilidades estéticas, mas na maioria já bem dentro do século XVIII.
Assim, logo na fachada se destaca a sobreposição sobre um muro liso de pequena abertura de verga encurvada - já portanto do século XVIII, mas num arranjo global bem dentro da tradição conventual - do corpo esguio de três pisos  da portaria, belo apontamento barroco onde é sensível a influencia da prática vulgarizada de "J.F.LUDOVICE".
Finalmente deverá realçar-se no interior da parte conventual a portaria e a escadaria, bem como os dois amplos corredores sobrepostos que correm ao longo de todo o edifício.
Impõe-se a exuberância decorativa dos azulejos num conjunto marcado pelo ar profano mais próprio de um Palácio, mas estranho numa casa conventual de eremitas descalços, obedientes a uma estreita regra de pobreza.
É até possível que o Bispo "D. FREI LEANDRO" tenha utilizado este edifício como residência, introduzindo-lhe essa componente mundana de aparato barroco.
A escadaria é um dos elementos  mais interessantes, quer pela sua beleza e qualidade, quer pelo carácter unitário da intervenção, toda ela datável - arquitectura, azulejos, gradaria e tecto - da década de quarenta do século XVIII. Quanto ao tecto, onde consta a data de 1746, será possivelmente obra de "GROSSI", introdutor em LISBOA deste tipo de decoração em estuque, aqui chagado nesta mesma  década, sendo esta, portanto, uma das suas primeiras realizações lisboetas.
Este conjunto de grande qualidade, tão raramente preservado na sua unidade original, merece bastante mais atenção do que aquela que lhe tem sido prestada para entendermos esse momento charneira da arquitectura e do gosto lisboeta, marcado pela opção deliberada de "D. JOÃO V" pela estética barroca de matriz romana.

O CONVENTO, que já não tinha frades em 1829, depois da extinção das Ordens Religiosas, serviu de albergue também de idosos do "RECOLHIMENTO DE NOSSA SENHORA DO AMPARO", que tinha estado na MOURARIA. Anos depois o albergue passou somente a designar-se de "RECOLHIMENTO DO GRILO" e ainda se mantém na "RUA DO GRILO" Nº 116 E, sob a protecção da "SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE LISBOA"

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DO GRILO [ V ] A IGREJA PAROQUIAL DE S. BARTOLOMEU DO BEATO ( 1 )»

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