sábado, 1 de fevereiro de 2014

RUA DO GRILO [ VIII ]

 Rua do Grilo - (1986) Foto de APS ( O edifício da "Manutenção Militar" na "Rua do Grilo", local do antigo "CONVENTOS DAS FREIRAS GRILAS") in  ARQUIVO/APS 
 Rua do Grilo - (1986) Foto de APS (A "Rua do Grilo" no lado esquerdo prolongava-se a cerca do "CONVENTO DAS FREIRAS GRILAS", depois instalações da "Manutenção Militar") in ARQUIVO/APS
 Rua do Grilo - (dep. de 1640) - ("D. JOÃO IV" rei de Portugal e dos Algarves, marido de "D. Luísa de Gusmão", que  depois da morte do esposo, foi regente do trono português) in WIKIPÉDIA
 Rua do Grilo - (1663?) Composição de Marlene Correia ("D. LUÍSA DE GUSMÃO" foi fundadora de dois Conventos na zona do GRILO. Um para religiosos masculinos e outro para religiosas femininas das "Descalças de Santo Agostinho", que vieram a ser conhecidas pelas "GRILAS"). in  ESPAÇO EFA
Rua do Grilo - (2013) Foto de autor não identificado (Estas religiosas das "Agostinhas Descalças" -possivelmente da mesma Ordem das nossas "Grilas" - deixaram o seu Mosteiro de "Santo Sepulcro" em Alicante, Espanha onde viviam desde Dezembro de 1597) in ORDEM DOS AGOSTINIANOS RECOLETOS 

(CONTINUAÇÃO) - RUA DO GRILO [ VIII ]

«O CONVENTO DAS FREIRAS GRILAS ( 2 )»

«D. LUÍSA DE GUSMÃO» aqui fez testamento em 26 de Fevereiro de 1666, no qual estipulou que o seu corpo fosse depositado na "IGREJA DO SACRAMENTO", "enquanto Sua Majestade lhe não fizesse a sua Igreja, e sepultura no Mosteiro das (...) Descalças de Santo Agostinho, de quem se apartava com tanto sentimento" ( 1 ).
Diz-nos "NORBERTO DE ARAÚJO": "D. LUÍSA DE GUSMÃO", mulher de "D. JOÃO IV, terá fundado em Abril de 1660, e destinado às religiosas Descalças daquela Ordem. Nesta casa religiosa, ainda então não concluída, se recolheu em 23 de Junho de 1662 a rainha fundadora, que nele morreu a 27 de Fevereiro de 1666.
Falecida a rainha, "D. AFONSO VI" mandou continuar as obras das duas fundações da mãe, escrevendo desde logo aos prelados dos dois Mosteiros garantindo-lhes igual cuidado ao prestado pela rainha. No dia da conclusão das obras da Igreja das Freiras "GRILAS" em 28 de Agosto de 1706 "(...) nela houve pomposa festa com assistência de El-Rei "D . PEDRO II" e de toda a corte" ( 2 ).
Uma vez concluído o jazigo, em 1713, "D. JOÃO V" fez cumprir a vontade da avó, ali depositando "seus ossos até Final Juizo" ( 3 ).

O Mosteiro, erguido entre a praia e a via pública, ligava-se à cerca fronteira por um passadiço em arco sobre a estrada. Em 1734 as religiosas contraíram um empréstimo de três mil cruzados "para continuação das obras do dito Convento e regularidade da clausura dele (...)" ( 4 ).
Da Igreja sabe-se que era escura e de reduzidas dimensões, "mas muito rica em pedraria e obras de talha" ( 5 )


Em 1833, o conjunto é assim descrito:"encostado à beira-mar, no rio Tejo, sobre fortíssimas muralhas, cujo Convento termina com o cais dos "Duques de Lafões" pelo nascente (...) a Igreja é ornada de quadros, os quais se conservam com muito zelo, e mostram ser pinturas de "ANDRÉ GONÇALVES" (isto as mais modernas), e as antigas são de "BENTO COELHO DA SILVEIRA" ( 6 ).

Já com os terrenos da cerca cortados pelo Caminho-de-ferro, com a morte da última freira em (1888), a propriedade foi destinada ao "MINISTÉRIO DA GUERRA". No antigo edifício conventual (reedificado segundo projecto do "Engº JOAQUIM RENATO BAPTISTA"), do qual se vêem ainda na fachada  com seu corpo central de frontão triangular e na cerca instalou-se também a "MANUTENÇÃO MILITAR". A adaptação à fábrica de moagem, bolachas e padaria, sacrificou inevitavelmente a Igreja que chegara a albergar seiscentos fiéis.

Em 1889 procedeu-se à transladação para "SÃO VICENTE DE FORA" dos restos mortais da rainha fundadora, sepultada atrás do altar-mor da primitiva Igreja, verificando-se então, "que o ataúde tinha sido violado" ( 7 ).
Os silhares de azulejos que enriqueciam o velho Convento, foram retirados e colocados nos claustros da "CONVENTO E IGREJA DA MADRE DE DEUS" em Xabregas.

( 1 ) - FREIRE, Fr. Sebastião.
2 ) - BRANCO, Manuel Bernardes, História das Ordens Monásticas em Portugal, Lisboa, Livraria Editora de Tavares Cardoso & Irmão, 1888, Vol. III, p. 255.
( 3 ) - IAN/TT, Fundo das Gavetas, gaveta 16, mç. 2, nº 30.
( 4 ) - IAN/TT, CN, C-11, Lº 525, Cx. 120, fls, 49v-51. 
( 5 ) - BRANCO, Manuel Bernardes, ob. cit., Vol III, p. 255
( 6 ) - PEREIRA, Luís Gonzaga, Monumentos Sacros de Lisboa em 1833, Lisboa, BNL, 1927, pp, 221-223.
( 7 ) - OLIVEIRA, E. Freire de, Elementos para a História do Município de Lisboa, Lisboa, Typographia Universal, 1894, T VIII, p. 585.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DO GRILO [ IX ] O CONVENTO DAS FREIRAS GRILAS (3)»

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