quarta-feira, 14 de maio de 2014

LARGO DO CARMO [ V ]

 Largo do Carmo - (Século XIV) (Maqueta da "IGREJA DO CONVENTO DO CARMO" apresentada em 3D no "Museu da Cidade")  in  MUSEU DA CIDADE
 Largo do Carmo - (Século XVIII Desenho aguarelado de Alberto de Souza) (Frade da "Ordem dos Carmelitas Descalços" ou simplesmente "Carmelitas Descalços", um ramo da "Ordem do Carmo") in ALFACINHAS-OS LISBOETAS DO PASSADO E DO PRESENTE
 Largo do Carmo - (1858) (Desenho de Francisco Augusto Nogueira da Silva e Gravura de João Maria Baptista Coelho Júnior) (Aspecto das ruínas da "IGREJA DO CARMO", vista do exterior) in  FESTAS DE LISBOA -1955
 Largo do Carmo (1959) Estúdios Mário Novais (Entrada principal para a "IGREJA DO CARMO", hoje Museu Arqueológico do Carmo) (Abre em tamanho grande)  in  AFML
 Largo do Carmo - (1959) Foto de Armando Serôdio (ARCOBOTANTE ou Arco que une o Contraforte à parede na arquitectura gótica, na passagem entre o LARGO DO CARMO e o Elevador de Santa Justa, ou "TRAVESSA D. PEDRO MENEZES") in   AFML
Largo do Carmo - (2013) - (O antigo "CONVENTO DO CARMO" hoje alterado, alberga o Comando Geral da GNR, que em 1834 era a sede da "GUARDA MUNICIPAL")  in  GOOGLE EARTH

(CONTINUAÇÃO - LARGO DO CARMO [ V ]

«O CONVENTO E IGREJA DO CARMO ( 1 )»

O "CONVENTO E IGREJA DO CARMO" da "ORDEM DO CARMO" foi mandado edificar pelo "CONDESTÁVEL - D. NUNO ÁLVARES PEREIRA", e começou a ser construído em 1389, pouco depois de iniciada a construção do "MOSTEIRO DA BATALHA".
O conjunto do CONVENTO E IGREJA constitui um projecto dos maiores da arquitectura medieval portuguesa, e concilia princípios arquitectónicos de outros tempos monacais de ordens mendicantes com novidades experimentadas no estaleiro da BATALHA ao longo do primeiro quartel do século XV.
O lugar cimeiro escolhido teve grande significado para os FRADES CARMELITAS, como afirmou "Fr. JOSÉ PEREIRA DE SANTA ANA", na sua "Crónica dos Carmelitas - 1745 - Em memória do nossos primeiro e antigo Solar, que erigido na eminência do celebérrimo Carmelo da Palestina, deu a toda a ordem Carmelita o nome, e o princípio". Mas tinha também significado especial para o CONDESTÁVEL, que abandonava a vida militar mas não a sua extraordinária ambição.
Segundo ANTÓNIO JOSÉ SARAIVA, a escolha da ordem dos CARMELITAS, com muito pouca expressão, não terá apenas dependido de estes terem por padroeira "NOSSA SENHORA", sendo grande a devoção do CONDESTÁVEL pela VIRGEM. Não se pode esquecer que NUNO ÁLVARES PEREIRA transferiu uma ordem que habitava um pequeno CONVENTO DE MOURA para um templo eminente da capital, cedendo-lhe ainda grande propriedade.
Assim pôde tomar, em contrapartida, a chefia da ordem renovada, instalada, como em desafio, num monte que afronta o do CASTELO, em cuja encosta estavam o "PAÇO REAL" e a SÉ. Por fim, a completar a conjugação simbólica, o CAMPO DO ROSSIO chamava-se então VALVERDE, o que decerto lembrava a NUNO ÁLVARES o triunfo da batalha do mesmo nome. O significado do lugar para D. NUNO confirma-se na teimosia com que insistiu na construção do CONVENTO ali mesmo, apesar de enormes dificuldades técnicas entretanto surgidas na consolidação da escarpa onde assentariam as fundações da cabeceira do Templo.
Os alicerces cederam por duas vezes, e FREI JOSÉ , na crónica citada diz que D. NUNO jurava fazê-los de bronze, caso voltassem a ruir. 
Tinham começado efectivamente os trabalhos pela CAPELA-MOR, na esperança que mais rapidamente, segundo se supõe, poder-se iniciar o culto: mas o terreno era falso, de «areias mortas», diz o P. PEREIRA DE SANTANA ( 1 )  e as dificuldades da obra permaneceram, ocasionando desastres de que foram vítimas alguns trabalhadores.
Para a terceira tentativa foram encontrados os mestres mais famosos: AFONSO EANES; GONÇALO EANES e RODRIGO EANES. D. NUNO «tirou uma exacta informação acerca dos melhores oficiais de Canteiros que se achavam em LISBOA», diz FREI JOSÉ, tendo sido contratado os pedreiros LOURENÇO GONÇALVES; ESTEVÃO VASQUES; LOURENÇO AFONSO e JOÃO LOURENÇO. Este número de oficiais supõe o concurso de muita mão-de-obra, já que cada um traria certamente consigo a sua «campanha de serventes». Os servidores e amassadores de cal, tarefa especializada, foram os judeus "JUDAS ACARRON" e "BENJAMIM ZAGAS", formados numa tradição que deixaria marcas nos trabalhos do PAÇO DE OURÉM, igualmente implantado num declive e dotado de um pequeno jorramento na base, como acontece no forte embasamento do CONVENTO DO CARMO.
Igual aplicação foi usada nas naves colaterais da IGREJA DO CARMO. Oito anos levou o fabrico dos alicerces e do Cruzeiro.
Porém, consolidada essa parte da obra, surgiu novo problema estrutural, também motivado pela instabilidade dos terrenos:

( 1 ) - O falecido Engº FRANCISCO LUÍS PEREIRA DE SOUSA, no seu excelente trabalho, intitulado "EFEITOS DO TERRAMOTO DE 1755", publicado na " Revista de Obras Públicas e Minas", (Tomo XI-1909), documenta fartamente a afirmação de que os terrenos em que assenta a IGREJA E MOSTEIRO DO CARMO, se compõem de "areolas da Avenida Estefânia", de pouca consistência desfazendo-se facilmente como se fosse areias (pág. 344,358.359 e 360).

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO DO CARMO [ VI ] O CONVENTO E IGREJA DO CARMO ( 2 )».

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