quarta-feira, 1 de julho de 2015

CALÇADA DE DOM GASTÃO [ IV ]

«A QUINTA LEITE DE SOUSA ( 3 )»
 Calçada de Dom Gastão - ( 2015) - Foto gentilmente cedida pelo amigo Ricardo Moreira (Edifício para ser transformado oportunamente, já poucas pessoas habitam este quarteirão de "CALÇADA DE D. GASTÃO", apenas alguns lojistas no piso térreo)  in  ARQUIVO/APS
 Rua de Dom Gastão - (2015) - Foto gentilmente cedida pelo amigo RICARDO MOREIRA (Um aspecto da entrada da "VILA MARIA LUÍSA" com um edifício à direita já restaurado que serve uma comunidade indiana virada para várias manifestações artísticas de nome EKA) in ARQUIVO/APS
 Calçada de Dom Gastão - (2007) - (Pormenor das casas da "Quinta Leite de Sousa" "Vila Maria Luísa" e o "Palácio de Dom Gastão e senhor dos Ilhas Desertas", os anexos construídos no terraço da celebre varanda balaustrada setecentista)  in  GOOGLE EARTH
 Calçada de Dom Gastão - (1971) - Foto de João H. Goulart (A "CALÇADA DE DOM GASTÃO" junto da estrada para a "VILA MARIA LUÍSA" na década de setenta do século passado) in AML 
Calçada de Dom Gastão - (1970) - Foto de João H. Goulart ( Prédio onde existia na esquina a "Farmácia Conceição" final da "CALÇADA DE DOM GASTÃO" esquina com a "RUA JOSÉ ANTÓNIO LOPES")  in  AML 

(CONTINUAÇÃO) - CALÇADA DE DOM GASTÃO [ IV ]

«A QUINTA LEITE DE SOUSA ( 3 )»

A transformação profunda após meados do século XIX pelas duas propriedades que compunham o actual amontoado informe de construções que se erguem à esquerda e à direita da actual «CALÇADA DE DOM GASTÃO», determinou alguma dificuldade na distinção entre elas e a correcta definição do âmbito de cada uma. Para mais, sabendo-se por informações seguras que as propriedades dos SENHORES DAS ILHAS DESERTAS,  herdeiros de "DOM GASTÃO COUTINHO", se dividiam dos dois lados da via pública, levou-nos à identificação inicial desta quinta como sendo as casas da banda de cima referidas em vários documentação daquela família, o mesmo se afirmando em obra anterior. No entanto, a analise cuidada da documentação e da cartografia e, sobretudo, a definição mais ponderada do primitivo esquema viário da zona, tornou claro que tal identificação não era correcta, tratando-se de facto da QUINTA que fora de "ANTÃO DE OLIVEIRA" e depois da família "LEITE DE SOUSA", caindo por herança, já no século XIX, nos Condes de "TAVAREDE".
Esta enorme quinta ocupara toda a frente da "RUA DE XABREGAS" e o começo da "CALÇADA DE D. GASTÃO", desde a "QUINTA DOS CUNHAS - OLHÃO" até à pequena Azinhaga que subia a encosta, hoje dificilmente reconhecível nas apertadas "ESCADINHAS DE DOM GASTÃO".
A existência desta azinhaga, que ligava ao esquema viário mais antigo, é determinante para se compreender a divisão da propriedade, bem como a organização primitiva do edifício nobre da QUINTA. Esta, que hoje apresenta a sua entrada para nascente, virava-se primitivamente a poente, definindo uma estrutura muito comum em " U " em torno de um pátio. Dado o declive da ravina, era suportada a parte traseira sobre o rio por um muro sustentado em arcaria e forte Cunhal rusticado  - espécie de criptopórtico - o qual permitia o indispensável nivelamento das dependências superiores e a existência de armazéns na parte baixa, sem comunicação interna inicial.
Pelo desenho evidenciado por esse Cunhal de cantaria rústica, muito em voga desde finais do século XVI, podemos avançar com a datação provisória da construção desde esse período até inícios do século XVIII, dado não se ter encontrado nenhum documento que afirme inequivocamente uma data precisa.
No entanto, as informações recolhidas que remontam a 1582, parecem apoiar a hipótese de uma presença de casas nobres já vinculadas desde o início do século XVII. O mais certo é a realização de sucessivas obras e alterações, como a documentação aliás parece também confirmar. Mais tarde, em conformação de rede viária e da subalternização dos velho caminhos, ou mesmo o seu desaparecimento físico, o conjunto vai ser reorientado organicamente, abrindo-se ao RIO e à via pública.
Temos informação de construções anexas abobadas nos início do século XVIII, e, sobretudo, a existência de uma grande campanha de obras a partir de 1747, depois da quinta cair na posse de "FERNÃO LEITE DE SOUSA", falecido já na década de noventa.
Deverá ser de iniciativa deste o acesso pelo portão nascente - hoje desmantelado para entrada de viaturas -  e a abertura no referido muro de suporte de um portal fronteiro ao pátio em declive, dando acesso ao vestíbulo e à escadaria, cuja articulação interior denota o carácter de adaptação não muito cuidada. 

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«CALÇADA DE DOM GASTÃO [ V ] A QUINTA DE LEITE DE SOUSA ( 4 )».

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