quarta-feira, 2 de setembro de 2015

RUA AFONSO DOMINGUES [ IX ]

«O MUSEU NACIONAL DO AZULEJO ( 2 )»
 Rua Afonso Domingues - ( 2009 ) ( No Museu Nacional do Azulejo  "antigo Convento da Madre de Deus", encontra-se em exposição permanente o  painel "GRANDE VISTA DE LISBOA", uma produção de Lisboa entre 1700 e 1725,  painel de azulejos em faiança azul e branca. Pertenceu ao Palácio dos Condes de Tentúgal no Largo de Santiago em Lisboa)  in  WIKIPÉDIA
 Rua Afonso Domingues - ( 2011) Foto de Glória Ishizaka   (Silhar Monumental de Escadaria - Lisboa, c. de 1630, faianças a amarelo, azul e manganês sobre branco. Proveniente do Convento de S. Bento da Saúde, Lisboa, actual Assembleia da República) in  CLICK 
 Rua Afonso Domingues - (1650) - (Secção de frontal de altar de inspiração indiana representando duas corças e um veado, tendo por trás uma palmeira.  in PORTUGAL VIRTUAL 
Rua Afonso Domingues - (começo de 1600) - Painel de Azulejos de padrão Italo-Flamengo. Talavera de La Reina ou Lisboa. Faiança policroma, de proveniência desconhecida, encontra-se no Museu Nacional do Azulejo em Lisboa. in MUSEU NACIONAL DO AZULEJO


(CONTINUAÇÃO) - RUA AFONSO DOMINGUES [ IX ]

«O MUSEU NACIONAL DO AZULEJO ( 2 )»

A colecção que viria a ser o fundo principal do «MUSEU NACIONAL DO AZULEJO», organizado entre 1965 e 1970, foi reunida no "MUSEU NACIONAL DE ARTE ANTIGA"  e parcialmente integrada na SECÇÃO DE CERÂMICA da exposição permanente.
Peças tão importantes como a «GRANDE VISTA DE LISBOA» (c. de 1700) ou o conjunto de painéis com a "HISTÓRIA DA CHAPELARIA" de António Joaquim Carneiro (c. 1800).
O painel representando a «GRANDE VISTA DE LISBOA»  é, em absoluto um objecto singular. Logo pela sua dimensão, com 172 fiadas de 8 azulejos de altura, num total de 1376 placas cerâmicas com pintura em faiança azul e branca, e que se desenvolve, tal como o conhecemos na actualidade, por cerca de 23 metros de comprimento.
Depois, pela sua riqueza iconográfica, documento essencial e muito vivo, de LISBOA anterior ao TERRAMOTO que a destruiu em 1755, explanando uma imensa imagem panorâmica da capital e dos seus arrabaldes, entre o palácio dos "CONDES DE MIRANDA", o lugar mais a Ocidente, e o "CONVENTO DE SANTA MARIA DE JESUS" ou da "MADRE DE DEUS" de XABREGAS, o mais a Oriente.
Finalmente pelo vigor expressivo da imagem, com pintura muito imediata e por vezes ingénua, e pelo modo expedito como o pintor resolveu a  continuidade harmoniosa da representação de uma realidade fragmentada pela necessária mudança de pontos de observação monumental a representar.
O painel pertenceu ao antigo Palácio dos "CONDES DE TENTÚGAL" no "LARGO DE SANTIAGO", em LISBOA, a sua venda foi divulgada no DIÁRIO DO GOVERNO de 11 de Abril de 1843, e a aquisição feita muito depois pelo "MARQUÊS DE SOUSA HOLSTEIN" (1838-1878) para a "REAL ACADEMIA DE BELAS-ARTES E ARQUEOLOGIA" instalado no Palácio ALVOR em LISBOA, actual MUSEU NACIONAL DE ARTE ANTIGA, onde esteve exposto desde 1903 na entrada principal do MUSEU, com vista panorâmica ininterrupta.
Desconhece-se contudo a localização exacta e a forma de aplicação deste imenso painel no Palácio dos "CONDES DE TENTÚGAL", residência nobre na colina do CASTELO DE SÃO JORGE e com vista para o TEJO.
O Terramoto de 1755 destruiu o núcleo de LISBOA cuja memória nos é restituída neste painel único de azulejos e com ele muitas outras memórias que, mesmo sem desastres, vão desaparecendo: as pessoas e as suas rotinas, os barcos e os seus movimentos no RIO, a configuração efémera das águas, das terras e das nuvens. Fica-nos também a memória do gosto de um homem que, com discretos sinais de afecto, registou em imagem os lugares de referência para a vida e a cultura colectiva de PORTUGAL e de uma sociedade, que com essas imagens guarnecem os espaços nobres do quotidiano na CAPITAL DO REINO, em tempos decorando o PALÁCIO DOS CONDES DE TENTÚGAL e hoje conservado no "MUSEU NACIONAL DO AZULEJO", por coincidência ou não, instalado no antigo "CONVENTO DA MADRE DE DEUS", representado no painel como o mais a Oriente nesta magnifica vista de LISBOA. [ FINAL ].

BIBLIOGRAFIA

- ARAÚJO, Norberto de , - Peregrinações em Lisboa . Vega - 1993 - LISBOA.
- DICIONÁRIO ILUSTRADO DA HISTÓRIA DE PORTUGAL - Pub. ALFA - 1985 - LISBOA
- LISBOA ANTES DO TERRAMOTO - Grande vista da cidade, entre 1700-1725-Introdução de PAULO HENRIQUES - Editorial Gótica - 2004 - LISBOA.
- ROTEIRO DO MUSEU DO AZULEJO - Instituto Português de Museus/Edições ASA-2003 - LISBOA.
- TESOUROS ARTÍSTICOS DE PORTUGAL-Selecções do Reader's Digest-1976- LISBOA.
- TOPONÍMIA DE LISBOA - Direcção Municipal dos Serviços - Departamento de Serviços Gerais -  Divisão de Alvarás, Escrivania e Toponímia - 2008 - LISBOA.

INTERNET

- CANTO DA TERRA
- MOSTEIRO DA BATALHA
- PÚBLICO (Jornal)
- RESTOS DE COLECÇÃO
- TINTA FRESCA
- WIKIPÉDIA

(PRÓXIMO)«VILA FLAMIANO [ I ]-HABITAÇÕES OPERÁRIAS da "COMP. DO FABRICO DE ALGODÃO DE XABREGAS" ( 1 )«

Sem comentários: