sábado, 17 de outubro de 2015

RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ VIII ]

«A CASA DAS ONZE PORTAS ( 1 )»
 Rua da Escola Politécnica - (1993) foto de Pedro Bebiano Braga - (A "CASA DAS ONZE PORTAS" edificada em 1856 na "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA" esquina com a "RUA DO MONTE OLIVETE")  in  A SÉTIMA COLINA
 Rua da Escola Politécnica - (entre 1898 e 1907) Foto de autor não identificado - (A "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA) a outra esquina da "Rua de São Marçal) ( Abre em tamanho grande) in AFM
 Rua da Escola Politécnica - (Início do século XX) - Anúncio da "CASA DAS TESOURAS", instalada na "CASA DE ONZE PORTAS" na "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA". Vendendo fatos e sobretudos feitos, e ainda especializada em GABÕES DE AVEIRO , largamente publicados em jornais e revistas da época, num estilo bastante pitoresco de anúncio ilustrado. Esta casa poderá ser o antecessor do chamado "pronto-a-vestir") in MONTE OLIVETE
Rua da Escola Politécnica - (1858)  - (Planta do alçado do prédio dito "CASA DAS ONZE PORTAS", que popularmente o notabilizaram, na Rua da Escola Politécnica. O desenho será possivelmente de Pierre Joseph Pézerat)  in  MONTE OLIVETE


(CONTINUAÇÃO) - RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ VIII ]

«A CASA DAS ONZE PORTAS ( 1 )»

No outro lado da RUA, mesmo em frente da "ESCOLA POLITÉCNICA", foi edificado em 1858, esta casa de aluguer, para habitação e comércio, num luxo desusado na época, em imóveis de rendimento. Sendo notícia de jornal, pela sua "exótica arquitectura" de onze portas para a "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA" do número 55 a 65, por isso, ficando designada (PELA CASA DAS ONZE PORTAS) e sendo visitada e apreciada, fez-se a propósito dela, o "chiste", hoje de difícil entendimento, " a romana da hospedaria tinha só sete e fugiu ao marido"...
O risco deste imóvel é atribuído ao arquitecto francês "PIERRE JOSEPH PÉZERAT" (1801-1872), encarregue, na época, dos trabalhos de construção da "ESCOLA" em frente, onde era também professor de desenho desde 1853. "PÉZERAT", de formação parisiense viera para PORTUGAL (em 1840) a convite do Município de LISBOA, depois de ter sido um dos arquitectos particulares do Imperador "D. PEDRO I, no BRASIL (1825-1831), e ter estado na ARGÉLIA (até 1838), nomeado pela Ministério da Guerra Francês.
Também autor do famoso edifício dos "BANHOS DE SÃO PAULO"(Ver Praça de S. Paulo [IV]-31 de Março de 2008), vinha a falecer cego e em situação de grandes dificuldades, em 1872.

O edifício é sóbrio, de gosto neoclássico, com dez vãos abertos, na fachada principal, em arco de volta perfeita, que se repetem no primeiro e segundo andares, sendo o terceiro amansardado. As pilastras dividindo a fenestração impõem um ritmo que a varanda corrida (segundo andar) unifica, conferindo um belo equilíbrio à fachada coroada por vasos de pedra. Um pavilhão-terraço com harmoniosa dupla escadaria (infelizmente desaparecida em 1940), ornamentada também com vasos, dava para um pátio, na fachada posterior.
O seu interior doméstico, da casa geminada, apresenta perfeita simetria dos lados esquerdo e direito, desenvolvendo-se a partir de uma bem desenhada escadaria, ao centro, com grade de ferro. No átrio, joga-se com mármores de cores diferentes, nos losangos do pavimento e nos três arcos, posteriormente fechados pelo guarda-vento de vidro, pintado a ouro, e caixilho de madeira (1880).
As divisões apresentam bons trabalhos em estuque, de várias campanhas decorativas (algumas impostas por incêndio), em abundantes motivos geométricos e vegetalistas, e, ainda, com medalhões de cestos fruteiros e de cabeças enfeitadas.
No entanto, as pinturas sobre estuque, de duas salas contíguas (primeiro andar) e da caixa do saguão, fechado em vidro para iluminar a escadaria, são o que resta da maior qualidade decorativa; pinturas em "trompe l'oeil" imitando baixo relevo, com gramática vegetalista e exóticas cabeças, e naturalista "bouquets" de flores em alegre policromia, nos cantos da sala, conferem-lhe um luxo de palacete. Porém datar-se das décadas de setenta ou oitenta  do século XIX e, talvez sido realizadas pelo pintor francês "PIERRE BORDES", que executou decorações semelhantes nos "PAÇOS DO CONCELHO", que então se terminavam.
Oito portas comerciais, quatro de cada lado das duas da entrada doméstica, na fachada principal, e uma outra, na fachada sobre a "RUA DO MONTE OLIVETE", albergam lojas. A "FARMÁCIA ALBANO" (nos números 57 e 59) é a mais interessante, pois conserva o seu cuidado interior, de final de oitocentos, forrado por altos armários com emblemáticos estuques de palmeira e cobra de "Esculápio" e um "achinesado" candeeiro a gás, montado a partir de uma taça de porcelana "mandarim de figura".


EFEMÉRIDES

Faz hoje 162 anos, que pela primeira vez foi publicado na Imprensa Diária o "JORNAL DO COMÉRCIO" (17 de Outubro de 1883).

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ IX ]-A CASA DAS ONZE PORTAS ( 2 )».

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