quarta-feira, 15 de março de 2017

RUA DA PALMA [ XV ]

«O TEATRO APOLO ( 1 )»
 Rua da Palma - (1865) Foto da Gravura de Eduardo Portugal - (O "TEATRO DO PRÍNCIPE REAL". que homenageava o príncipe herdeiro, futuro Rei-D. CARLOS, inaugurado em 1865, tendo em 1911 passado a ser chamado de "TEATRO APOLO". Acabou demolido para o alargamento do MARTIM MONIZ e RUA DA PALMA em 1957) ( ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in  AML 
 Rua da Palma - (1873) - (Anúncio publicitário, anunciando que no "TEATRO DO PRÍNCIPE REAL" a peça "A GRÃ-DUQUESA DE GEROLSTEIN", numa tradução de E. GARRIDO com música de OFFENBACH)   in  RESTOS DE COLECÇÃO
 Rua da Palma - (1907) -  (O quadro da "COMPANHIA DAS ÁGUAS" na Revista "Ó DA GUARDA!")  in HISTÓRIA  DO TEATRO DE REVISTA EM PORTUGAL
Rua da Palma - (1908) - (Cartaz anunciando uma récita artística no "TEATRO DO PRÍNCIPE REAL" com o "compère" "CARLOS LEAL" na revista "Ó DA GUARDA!")   in   RESTOS DE COLECÇÃO

(CONTINIAÇÃO) - RUA DA PALMA [ XV ]

«O TEATRO APOLO ( 1 )»

O «TEATRO DO PRÍNCIPE REAL» (em homenagem ao príncipe CARLOS, que subiria ao trono de PORTUGAL com REI em 1889) e que a REPÚBLICA obrigaria fosse tomada a designação depois de 1910 de "TEATRO APOLO", foi construído na "RUA DA PALMA" por FRANCISCO VIANA RUAS" em 1864, o edifício tinha um telhado de mansarda à francesa, um alto "frontão" de "Aleta", verga "trilobada" nas nove janelas da fachada, as três do corpo central de sacada, e nove portas também de verga "trilobada" que serviam de entradas da RUA. Já, ali, no mesmo espaço tinham existido dois salões de concertos; o "VAUXHALH" e o "MEYERBEER".
Em 1865 (aproximadamente há cento e cinquenta e dois anos) era inaugurado nesta RUA, o "TEATRO PRÍNCIPE REAL" que o camartelo Municipal mandou demolir, na década de cinquenta do século XX, já com o nome de "TEATRO APOLO".

O avô do empresário deste teatro «LUÍS RUAS» era além de um competente mestre-de-obras, dono de uma estância de Madeiras. (foi quem reedificou o TEATRO GINÁSIO).
Quando se começou a abrir em LISBOA a "RUA DA PALMA", "FRANCISCO VIANA RUAS", "assim se chamava o popular construtor", reparou que havia um espaço relativamente amplo, à esquina do "SOCORRO". Amigo de teatros, ali edificou inicialmente um Salão a que deu o nome de "VAUXHALH", onde organizou alguns bailes de mascaras - nunca, aliás, com lucros apreciáveis - a desafiar os apetites recreativos dos lisboetas, mudou-lhe o nome para "SALÃO MEYERBEER", onde realizou concertos aos quais o público também não afluiu.
O mestre-de-obras não era, contudo, homem para desanimar facilmente. Associado ao actor "CÉSAR LIMA", inaugurou, depois um pequeno "teatrinho" onde se representou duas comédias com êxito.

Muitas peripécias se passaram, desde então, na saudosa casa de espectáculos, que se ainda existisse, ficaria situada numa das RUAS mais movimentadas de LISBOA. 
Ali foi representada ainda no reinado do REI DOM CARLOS  "A PARÓDIA" no ano de 1899, de BAPTISTA DINIS e música de RIO DE CARVALHO JÚNIOR. Nas "coplas" do "ZÉ POVINHO" desta revista exprimem claramente as ideias democráticas e republicanas do seu autor e o desejo de uma mudança do regime, onde as suas peças também contribuíram. Procurando renovar o êxito alcançado por "O ANO EM 3 DIAS",  "ACÁCIO  ANTUNES e MACHADO CORREIA estrearam em 1906 "O ANO PASSADO", em que abundavam os momentos de engenhosa observação crítica, como as "coplas" de «A RECEITA E A DESPESA» e «HOMENS E BICHOS» ou «VISÃO DE LISBOA», assim como de alegre comentário à situação da actualidade, como o trânsito de automóveis, a proliferação de sociedades comerciais (recorde-se que a Lei das Sociedades por Quotas é de 1901) e os movimentos femininos.
Uma das revistas mais célebres foi, sem dúvida "Ó DA GUARDA!" de 1907, na qual "NASCIMENTO FERNANDES" conquistou as suas "esporas de oiro" e que só o regicídio em 1908, fez sair de cena. 
A apresentação de "Ó DA GUARDA!" foi a revista da primeira década do século, com o  "031" (de que LUÍS GALHARDO" foi também co-autor). Quase todos os seus quadros e números mereciam ser relembrados aqui, mas limitar-nos-emos a alguns dos seus melhores momentos, desde as "coplas" de «MEXIAS», directamente alusivas ao ditador "JOÃO FRANCO" (MINISTRO DO REI DOM CARLOS), (personificado pelo actor EDUARDO VIEIRA) ao famoso quadro passado na  esquadra de polícia «SÃO ORDES!» (em que NASCIMENTO FERNANDES interpretava a figura de "SAVALIDADE" e "CARLOS LEAL" o "compère" "VENTURA" e intervinham ainda os actores "LUCIANO DE CASTRO" e "ARTUR RODRIGUES").

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DA PALMA [ XVI ] O TEATRO APOLO ( 2 )»

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